Título da redação:

O panorama da precariedade do sistema de trabalho no Brasil

Tema de redação: A questão da jornada de trabalho no Brasil - aumentar ou reduzir?

Redação enviada em 08/08/2016

Ao se tratar de um país que segue os moldes de um sistema que visa ao lucro, o Sistema Capitalista, e partindo-se do principio que esse sistema utiliza o trabalho exacerbado e uma produção em larga escala a fim de solidificar o consumismo, a jornada de trabalho no Brasil se torna uma problemática que envolve toda a raiz da cultura social brasileira. Ainda não muito discutida pelos meios de comunicação, o contexto do país, as condições vivenciada, as dificuldades encontradas e quem são os protagonistas diários dessa luta atuam como questões de importância para encontrar um equilíbrio e entender a seguinte questão: a jornada de trabalho no Brasil é eficiente? Após a chegada dos portugueses no Brasil, mais precisamente na primeira metade do século XVI, era necessária mão-de-obra nos engenhos para a produção de açúcar. Essa mão-de-obra era obtida por meio da comercialização dos negros africanos, tratados como objetos e sem o direito pleno de qualquer ser humano de 'ir e vir'. Ainda que não fosse considerado um trabalho e sim uma verdadeira escravidão, a partir desse momento a cultura do trabalho no Brasil se consagrou como desfavorável. As condições no transporte desses negros da África para o Brasil, o descuido à integridade da pessoa como ser humano e a violentação de seus direitos como trabalhadores partiram de uma realidade considerada natural na época para uma constante absoluta de grande parte dos trabalhadores que, no século XXI, atuam como máquinas ambulantes na produção exacerbada de produtos sob circunstâncias que ferem suas liberdades. Do trabalho escravo ao trabalho infantil e adulto em âmbitos insatisfatórios, o panorama da jornada de trabalho no país se faz seguido de uma conjuntura de fatos e realidades vivenciadas que tornam equivocado o pensamento sobre qualquer proposta de aumento da jornada de trabalho. A jornada atual de 8 horas por dia se torna desumana, quando é compreendido que o trabalhador exerce sua ação em torno de condições de vida que afetam intrinsecamente sua produtividade. Desde a saída de casa, a utilização de um transporte público e as horas passadas no trânsito até a chegada no trabalho, ele sofre situações que desafiam e influenciam sua saúde psicológica. O medo de não chegar no horário, o medo de relatar situações de abuso no trabalho, o risco de demissão, a má alimentação, o retorno salarial desproporcional ao trabalho exercido e o trabalho que excede o suportado: todo o sistema se faz errado. Diante desse cenário que reúne uma série de problemas que vão além da própria ação do trabalho e interferem diretamente na condição do mesmo, é ilógico e incoerente pensar em uma maior jornada de trabalho. O Ministério do Trabalho deve, em caráter imediato, fiscalizar e penalizar ambientes que vão de encontro com o que é estabelecido como uma jornada aceitável, bem como repensar e reformar toda a estrutura do trabalho e dos direitos dos trabalhadores. A sociedade empresária como um todo deve abrir seus olhos e avaliar se a produtividade dos trabalhadores diante da determinada jornada está dentro do esperado, a fim de modificá-la de maneira beneficiária para ambos trabalhador e empregador. Por fim, deve-se flexionar o salário de cada área de trabalho de forma que esta seja proporcional às condições dessa jornada.