Fraqueza. Falta de energia. Exaustão. Desatenção. Estresse. Aumento de acidentes. Longa jornada de trabalho. Essas são as consequências laborais sofridas quando há sobrecarga de trabalho. A discussão tornou-se acirrada nas últimas semanas, afinal, é um avanço ou em retrocesso o aumento da jornada de trabalho? Desde a Revolução Industrial no final do século XVIII, surgiram várias discussões e manifestações acerca da dicotomia produtividade e bem-estar. No Brasil, após a criação da CLT e a estipulação de jornada máxima de 44 horas semanais em 1988, não houve mudanças acerca da jornada de trabalho. Em julho, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, reavivou o assunto quando falou sobre a possibilidade de flexibilização da carga horária para 80 horas semanais, exemplificando com a França, país de primeiro de primeiro mundo, que está em processo na regularização de 60 horas semanais. O fato é que em relação aos franceses, nosso país, além de estar em crise econômica, não oferece uma estrutura na saúde pública eficiente, não disponibiliza um salário mínimo de 1457,52 Euros, condições de moradia e alimentação digna para todos, e ao menos abriu uma audiência pública para saber a opinião dos brasileiros. A ampliação da jornada acentua, drasticamente, as probabilidades de ocorrência de doenças profissionais ou acidentes de trabalho, sua redução diminui, de maneira significativa, escreveu Mauricio Godinho Delgado, Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, em seu livro Direito do Trabalho. Segundo a consultoria Tendências, os gastos com a Previdência Social aumentarão em 12% em 2016. Percentuais que deixam claro que a tendência em aumentar a carga horária trabalhista agrega gastos a mais em saúde, trabalhadores insatisfeitos e baixa produtividade. Porém, uma diminuição geraria um aumento da disposição dos trabalhadores e da produtividade, liberação de cargas horárias nas empresas, diminuição de faltas e diminuição nos gastos com a Previdência e saúde pública. Logo, visto que o aumento poderia gerar consequências agravantes em um país, socioeconomicamente, a redução torna-se uma alternativa vantajosa. É importante que o debate acerca da jornada de trabalho surja entre a população, pressionando o Estado, pela mídia ou manifestações, ao direito de o povo pronunciar – se. É dever do Estado buscar e assegurar o bem comum da sociedade.