Diante do contexto de longas cargas horárias e curtas horas livres, a lógica da exploração capitalista aprisionou o homem pós-moderno na trágica premissa do "trabalhar muito e viver pouco". Entretanto, as relações de trabalho estão sujeitas a evolução e são influenciadas pela busca social, cada vez maior, pelo bem estar individual e geral. Primeiramente, em um cenário social em que o trabalho tem um quase completo monopólio das horas diárias, a diminuição da carga horária é uma necessidade imperativa na busca pelo bem-estar social. Visto que, segundo a Organização internacional do trabalho, trabalha-se no brasil 44 horas por semana, nessa realidade de extensa cargas horárias é inevitável que o lazer e a vida social percam espaço no cotidiano do brasileiro, espremidos entre as limitadas brejas de tempo livre do dia-a-dia.Nesse contexto, observa-se a gradual imposição de uma nova máxima social; não mais se trabalha em função da vida, mas se vive em função do trabalho.Dessa forma, assim como dito pelo escritor José Saramago, o homem contemporâneo é um escravo do trabalho tanto quanto do tempo. Uma sociedade capitalista, de acordo com Karl Marx, é uma sociedade baseada na exploração, entretanto, apesar dessa afirmação ser uma verdade imutável, as relações de trabalho evoluem de acordo com as mudanças da dinâmica social. Nesse sentido, o bem estar social, principal objetivo comum ao estado e a própria sociedade, não é mais compreendido como incompatível com a lógica capitalista. Visto que tornar esses dois conceitos miscíveis entre si não apenas se provou possível, mas também economicamente vantajoso, segundo dados coletados de experimentos socioeconômicos realizados por empresas francesas e suecas, nos quais a redução da carga horária resultou no aumento da produtividade. Destarte, conciliar desenvolvimento econômico e humano deixou de ser um conceito utópico para ser um objetivo tangível e amplamente benéfico. A diminuição da carga horária, portanto, é mais um passo, entre muitos já dados, no processo de evolução da dinâmica trabalhista. No entanto, para a tornar realidade na sociedade brasileira é necessário atuação conjunta das classes trabalhadoras e do estado.Através da aliança cooperativa entre os diferentes sindicatos de trabalhadores, auxiliada pela atuação partidos políticos ligados a classe trabalhadora, como forma de pressionar mais efetivamente o governo e as grandes empresas nacionais em prol desse objetivo.Além de estímulos governamentais para a redução da carga horária, por empresas privadas, por meio da concessão de benefícios fiscais.