Título da redação:

A opção mais digna

Tema de redação: A questão da jornada de trabalho no Brasil - aumentar ou reduzir?

Redação enviada em 08/08/2016

Com a Revolução Industrial originada na Inglaterra no século XVIII as relações de trabalho ganharam uma nova configuração. Desde então, o trabalho se colocou como um produto oferecido pelos indivíduos ao sistema capitalista. Logo, a exploração trabalhista com o objetivo de lucro se deu através dos baixos salários, das condições insalubres e das longas jornadas de trabalho. Assim, atualmente no Brasil a questão do aumento ou da redução das cargas trabalhistas estão em debate. A princípio, é válido ressaltar que as contradições envolvendo o setor trabalhista resultou em uma desigualdade social e econômica amplamente analisada pelas ciências sociais. Haja visto, a percepção do sociólogo Karl Marx de que os métodos usados pelos industriais tinham por finalidade a alienação do trabalhador, detendo assim o controle do capital, dos meios de produção e influindo diretamente na política. Desse modo, a ideologia marxista propunha que o sistema apresentado até então era inviável para a construção de uma sociedade mais justa. Nesse ínterim, ao longo da história muitas conquistas foram angariadas em todo o mundo. O Brasil, por apresentar uma industrialização recente a consolidação dos direitos trabalhistas foi mais tardia. Porém, com a chegada dos imigrantes europeus, ideários do anarquismo e comunismo, e o soerguimento de uma política fabril mal regulamentada teve início a sindicalização. Em vista disso, as reivindicações operárias culminaram em 1943, no governo de Getúlio Vargas, na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que fixaram as férias remuneradas, carteira de trabalho, descanso semanal, previdência social e jornada de oito horas por dia. Entretanto, a política brasileira para o trabalho pouco se modificou desde a Constituição de 1988 que estipulou como carga máxima 44 horas semanais. Além disso, um sistema de mobilidade urbana precário desperdiça muito tempo, acarretando em prejuízos aos envolvidos. Dessa forma, um aumento no expediente diminuiria drasticamente o bem-estar social o que afetaria a produção. Visto que na Suécia a redução da jornada de 8 para 6 horas surtiu efeitos positivos, como a redução de faltas e a maior produtividade. Na contramão, os industriais brasileiros querem maior flexibilização, propondo um volume de até 80 horas semanais. Fica nítido, portanto, que a estrutura laboral precisa ser revista. Nesse caso, cabe ao Legislativo e Judiciário impedir qualquer aumento de jornada e propor reduções a exemplo de outros países subsidiando maior qualidade de vida e visando maior eficiência. Ademais, o Executivo federal e estadual deve dinamizar o transporte público, sobretudo, nos grandes centros e viabilizar projetos de modernização dos meios de produção. Por outro lado, a indústria pode absorver mais mão de obra com carga de trabalho reduzida sem diminuição do rendimento. O trabalho deve dignificar o homem sem, contudo, depreciar a vida.