É cada vez mais frequente a incidência de questões acerca da atual jornada de trabalho brasileira. Recentemente, uma polêmica declaração do presidente da CNI(Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, inflou as discussões, afirmando que o governo deve promover mudanças nas leis trabalhistas, tais como o aumento de horas semanais trabalhadas. Atos como este demonstram a falta de consideração para com o operário, pois, de certa forma, revoga direitos constitucionais conquistados pela sociedade. Para ter uma abrangente compreensão do assunto, é importante se atentar a grandes empreendedores, como Henry Ford, idealizador do Fordismo. Para ele, o sistema produtivo deveria ser automatizado, fato que indiretamente afetaria a saúde e o psicológico do funcionário, causado apenas por interesses exclusivamente empresariais de lucro. A adoção de métodos como este se assemelha a ambições atuais, as quais proporcionam desvantagens à classe trabalhadora em detrimento do empresário. Importantes filósofos também escreveram quanto ao assunto, permitindo associar ao período atual diversos pensamentos já existentes na antiguidade. Para Karl Marx, em seu livro Grundrisse, “a relação de cada capitalista com os seus trabalhadores é de fato a relação de capital e trabalho, a relação essencial.”, sendo assim, a figura do empregador está intimamente ligada à necessidade da obtenção de capital, pois o trabalhador é apenas um figurante nesse amplo sistema que visa apenas o privilégio unilateral. Exemplos contemporâneos mostram que o tempo de serviço está estreitamente relacionado à qualidade de vida. Desde 2015, a Suécia reduziu a jornada de trabalho de 8 para 6 horas diárias, e autoridades locais confirmaram melhora na saúde dos empregados. Do outro lado da moeda estão os países africanos explorados por grandes indústrias, em que a população trabalha até mesmo por 16 horas, refletindo no bem-estar social que beira índices assustadores. Portanto, citações como a de Robson Braga se transformam em polêmica pela importância existente em torno do direito que deve ser indiscutivelmente concebido ao trabalhador. O mais sensato é reduzir a jornada do trabalhador, possibilitando elevar o nível de vida do mesmo. Aliado a isso, o governo deve desenvolver políticas que unam o avanço econômico brasileiro com os direitos humanos. Já a classe trabalhadora possui o dever de lutar por suas prerrogativas.