Título da redação:

Deficiência empática

Tema de redação: A questão da inclusão das pessoas com deficiência

Redação enviada em 19/09/2017

Immanuel kant, filósofo iluminista, em sua obra “Metafísica dos Costumes”, afirma que o homem, por ser racional, não é subjugado por suas pulsões. Diante dessa autonomia, o autor defende que o indivíduo deve assumir sempre uma conduta baseada em uma “moral universal” fundamentada no bem comum. Paradoxalmente à tese kantiana, na conjuntura atual, tem-se a questão da baixa inclusão social das pessoas com deficiência física, refletindo, assim, a necessidade de uma sociedade mais humanizada e ética. A história humana é pródiga quanto à consolidação de falsos discursos de poder atrelados a padrões físicos, os quais são responsáveis pelo favorecimento de um grupo social em detrimento de outro. Nesse contexto, tem-se a propagação de mitos que relacionam o corpo físico às capacidades individuais das pessoas, naturalizando, dessa forma, uma hierarquia social enviesada que desfavorece os portadores de deficiência física. Diante disso, de acorso com a tese sobre a "banalização do mal" de Hannah Arendt, a sociedade torna-se niilista e os deficientes são desumanizados, justificando, por conseguinte, qualquer tipo de prejuízo social e, contrário à ética kantiana, evidenciando um profundo déficit moral. Como consequência desse processo alienatório, tem-se a anulação do senso crítico, a falta de empatia social e, consequentemente, a marginalização desse grupo desfavorecido. Por conta disso, mesmo com a criação do Estatuto do Deficiente Físico, a sociedade ainda é negligente em políticas de inclusão social, como pode ser observado na ausência de acessibilidade nos transportes e vias públicas e estabelecimentos de lazer, como cinemas, shoppings e parques de diversão. Ademais, em uma análise mais ampla, tem-se a incapacidade, inconstitucional, do direito pleno à cidadania pelos portadores de deficiência física, evidenciando um grave problema social. É mister, portanto, a intervenção civil e estatal na mitigação das barreiras sociais em vigor. O Estado, dessa forma, na figura do Poder Legislativo, deverá fortalecer as leis inerentes ao Estatuto do Deficiente Físico, por meio da vistoria obrigatória de transportes e vias públicas e estabelecimentos comerciais, a fim de possibilitar a acessibilidade à esses serviços por todos os cidadãos. É imperativo, ainda, que a Educação, como transformadora da realidade, na figura das escolas, desconstrua os discursos de poder, por meio de ciclos de filmes, como a obra “Hoje eu não quero voltar sozinho”, que trata da empatia de alunos a um colega cego, seguidos de discussão, com o fito de desenvolver uma sociedade mais virtuosa, empática e inclusiva. Só assim, de acordo com a ética kantiana, a harmonia prevalecerá.