Título da redação:

Como peixes dentro d'água

Tema de redação: A questão da inclusão das pessoas com deficiência

Redação enviada em 26/08/2017

Na mitologia grega, o deus Hefesto, descrito como feio e manco, foi expulso do monte Olimpo por sua mãe, devido aos seus atributos físicos. A ideologia da Grécia antiga, que menosprezava o “imperfeito”, atravessou milênios, fazendo-se notar de forma extrema, no projeto T4 da Alemanha nazista, com a eutanásia de milhares de indivíduos com “características indesejadas”. Diante de um passado obscuro, a discriminação e a violação do direito de ir e vir ainda são obstáculos a serem superados para a inclusão da pessoa com deficiência. Do ponto de vista discriminatório, os portadores de necessidades especiais sofrem com a atuação do preconceito para sua inserção na coletividade. Aplicando-se a ideia de coercitividade, defendida pelo sociólogo Émile Durkheim, na qual o meio social molda as condutas do indivíduo, os deficientes, vistos como improdutivos pela sociedade, tenderiam a ser julgados da mesma forma pela maioria das pessoas. Em termos práticos, o preconceito social limita as oportunidades de trabalho dadas ao excepcional, apesar da lei de cotas. Em Minas Gerais, por exemplo, 70% das empresas descumprem a norma. Sob a mesma concepção, os portadores de deficiência veem sua acessibilidade e liberdade esfaceladas ao se depararem com estruturas físicas mal adaptadas. Vistos ora como incapazes – e assim, considerados inúteis - ora como infelizes – e por isso, dignos de pena - esses cidadãos enfrentam, cotidianamente, desafios que vão desde calçadas obstruídas ou em péssima conservação até transportes coletivos, como ônibus sem elevador e bips na catraca, bem como semáforos sonoros, que favoreceriam a independência dessa população. Fica claro, portanto, que a falta de oportunidades e espaços físicos adequados são situações vividas por quem ainda se sente como um “peixe fora d’água”. Para debelar tais realidades, o próprio indivíduo é apto a denunciar casos de irregularidade junto ao Ministério do Trabalho. Esse órgão também pode, por meio de reuniões, tratar da inclusão dos sujeitos em questão e fiscalizar as empresas, a fim de multar as que infringem a lei criada. Por fim, cabe às prefeituras, em parceira com companhias de transporte público, a instalação de equipamentos que promovam a autonomia da pessoa com deficiência.