Título da redação:

A questão da inclusão das pessoas com deficiência

Tema de redação: A questão da inclusão das pessoas com deficiência

Redação enviada em 02/10/2016

A partir da década de 1950, o Brasil vivenciou um intenso processo de urbanização que resultou em mais de 80% da população vivendo nas cidades. Diante disso, as pessoas passaram a conviver coletivamente e formaram grupos sociais cada vez mais heterogêneos. Entretanto, nesses centros urbanos, aqueles que apresentam limitações físicas de saúde, os deficientes, sofrem com a falta de acessibilidade e o preconceito. Inicialmente, é importante ressaltar que o poder público é o principal responsável pela dificuldade que os deficientes físicos encontram de exercer o direito de ir e vir. Tal fato explica-se porque a urbanização brasileira não foi planejada nem pensada para os portadores de necessidades especiais. Muitas ruas do país, por exemplo, apresentam calçadas estreitas que dificultam a circulação de cadeirantes e de cegos. Para corrigir esse problema, a legislação foi alterada e tornou-se uma das mais excelentes do mundo no quesito acessibilidade, segundo o Instituto Brasileiro dos Direitos de Pessoas com Deficiência, porém não houve uma real efetivação dessa conquista. Uma prova disso é os transportes públicos que foram obrigados a apresentarem espaços adequados a cadeirante, mas muitos não possuem. Além disso, nota-se, ainda, que a desvalorização dos deficientes no país não consiste somente no embate físico. Isso porque, de acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, o desrespeito está - sobretudo - na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade de um ser e do grupo social no qual ele está inserido. Sendo assim, a sociedade também é responsável pelo problema em questão, pois acredita, erroneamente, que os portadores de deficiência são pessoas incapazes e inválidas, quando, na verdade, são apenas limitados para realizarem determinadas atividades. O preconceito contra deficientes, então, é uma questão cultural e que provoca casos de depressão e de suicídio. Torna-se evidente, portanto, que os portadores de necessidades especiais formam um grupo social que é desvalorizado no país. Em razão disso, o Ministério Público, em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos, deve criar, em cada município, órgãos que reforcem a fiscalização das melhorias conquistadas pelos portadores de deficiência. Além disso, o Ministério da Educação deve incentivar as escolas a realizarem palestras proferidas por deficientes para que o preconceito já enraizado seja aos poucos desconstruído. Dessa forma, agindo localmente e pensando globalmente, os deficientes físicos poderão conviver em harmonia com o restante da sociedade.