Na obra "Vidas Secas", o romancista Graciliano Ramos retrata uma família de retirantes com o intuito de expor a precariedade e a miséria inerente a essas pessoas. No entanto, essa perspectiva de atraso social tornou-se importante tardiamente no Brasil, apenas durante o mandato de Getúlio Vargas. Hodiernamente, a questão é corroborada pela displicência governamental e pela crise econômica que se alastra no país há anos, o que dificulta o combate à fome, rompendo com a harmonia social defendida pela filosofia clássica aristotélica. Convém ressaltar, a princípio, que essa carência alimentar decorre, principalmente, da ineficiência política para com a questão. Os programas sociais apresentam-se limitados devido à uma gestão pouco articulada, o que impede a resolução do dilema, visto que a fome só pode diminuir com a intervenção do Estado. Nessa ótica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou como legado o programa "Fome Zero", o que comprovou que é fazível de se erradicar o problema do país. No entanto, devido ao desequilíbrio econômico atual, o número de pessoas em condição de miséria extrema dobrou nos últimos anos, consoante instituições da ONU (Organização das Nações Unidas), o que distancia muitos brasileiros da democracia. Outrossim, especialistas endossam ao governo o alerta a respeito da inacessibilidade a alimentos básicos, como o arroz e o feijão, em muitos lares brasileiros. Isso se deve aos limites que são estabelecidos aos programas destinados a auxiliar famílias carentes e aos crescentes índices de desemprego, restringindo a capacidade de compra por essas pessoas. Ademais, o Bolsa Família, programa destinado a garantir o acesso a serviços públicos essenciais, dentre eles a alimentação, ampara um número cada vez menor de indivíduos, o que ocasiona na insuficiência alimentar, visto que muitos deles necessitam dessa assistência. Dessarte, o dilema encontra-se às margens do colapso, o que deve ser tratado com maus olhos e criticidade, uma vez que o país já foi referência mundial em amparo aos desfavorecidos. Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para enfrentar a fome no Brasil apresentam entraves que necessitam ser revertidos. Logo, a problemática deve ser tratada como política de Estado, especialmente pelo Ministério do Desenvolvimento Social, ao repensar e reformular antigas iniciativas, em parceria com as inúmeras ONG's, a fim de maximizar a inclusão social dos que vivem às margens da pobreza. Além disso, a longo prazo, faz-se necessário a formulação de medidas que destinem a diminuir a desigualdade social, através de maiores investimentos no sistema educacional para que muitos brasileiros possam mudar de vida através dos estudos. Dessa forma, o país se transformará de fato em moderno e preparado para vencer os desafios que sempre estão por vir.