Com a implantação de novas técnicas de cultivo e com avanço da tecnologia, a agricultura passou a obter maior produtividade e qualidade. Porém, essas inovações geram uma contradição ao se observar a questão da fome no Brasil, que deriva de problemas históricos e sociais. Fome, miséria e exclusão sempre fizeram parte da sociedade brasileira. Fato retratado por João Cabral de Mello Neto em “Morte e vida severina”, em que se observa as dificuldades enfrentadas por retirantes nordestinos, que abandonados na seca, vivem com poucas oportunidades de crescimento e até mesmo de sobrevivência, uma realidade que persiste até hoje. Infelizmente, essa região tem os menores índices de desenvolvimento econômico e social, fruto gerado pela má distribuição de renda e de alimentos, características vistas, também, em outras regiões do país. Ademais, a grande desigualdade social presente no Brasil também é um fator motivador. Isso, porque, durante a formação do Estado brasileiro, prevaleceu a forte concentração agrária e de renda, na qual uma minoria ficou com a maior parte das terras e da riqueza e uma maioria ficou com poucos recursos. Somando-se a isso, tem-se o precário processo de abolição da escravidão, em que houve a marginalização dos negros, que, por não contarem com alguns direitos básicos, como o acesso a uma educação de qualidade, acabaram se aglomerando em comunidades isoladas, vivendo em meio à pobreza e à fome. Diante disso, é evidente que o problema da fome não está associado à falta de alimento, mas, sim, à má distribuição desse recurso. Dessa forma, caberia ao Governo do Estado intervir na disponibilidade dos alimentos, elaborando medidas que possam diminuir o desperdício dos insumos alimentícios, destinando-os às famílias mais necessitadas. Assim será possível diminuir o número de pessoas que passam fome, garantindo melhores condições de vida para elas.