Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome. Hoje, contudo, segundo o portal Nexo, uma pesquisa realizada com mais de 20 entidades indica que o país pode revisitar a situação, anteriormente quase que totalmente superada, de fome. Nesse contexto, é mister analisar como o desemprego, em consonância com a redução do acesso pela população a programas sociais, contribui para que tal quadro se instaure com o objetivo de combatê-lo. Em primeiro plano, é importante destacar que, para Émile Durkheim, o fato social é dotado de coercitividade e independe da vontade do indivíduo. Por esse prisma, o desemprego, à medida que impede que um número gradativamente maior de pessoas tenham domínio sobre o dinheiro, agrava a problemática do fome. Um exemplo disso é o caso de Maria de Fátima, divulgado pelo site O Globo, que, após perder o emprego como cozinheira na prefeitura da cidade dela, depende de doações dos vizinhos para que possa comer. Destarte, por criar uma conjuntura de subalimentação e pobreza extrema, o desemprego é um fato social e aproxima a população brasileira da miséria. Além disso, é fundamental ressaltar que o congelamento de gastos públicos, que implicou na dificuldade de acesso a programas sociais, tais como o Bolsa Família, é um dos catalisadores da situação de fome. Nesse viés, esses sistemas de auxílio financeiro cooperavam para que muitas pessoas pudessem complementar as rendas delas e garantir que as necessidades básicas, como a alimentação, fossem asseguradas. Entretanto, a exclusão de muitas pessoas desses programas as colocam em um contexto de vulnerabilidade social. Prova disso é que, de acordo com o portal Carta Capital, pelo fato de os repasses de alimentos, feitos pelo Governo Federal, não acontecerem mais, mais de sete mil famílias ,pertencentes à comunidade quilombola Gurutuba, têm dificuldades para se alimentar. Dentro dessa lógica, a desassistência dos órgãos públicos para com as parcelas mais pobres da sociedade as coloca em circunstâncias degradantes de vida. Assim, portanto, medidas que visem lutar contra o cenário discutido são urgentes. Com esse fim, as ONGs, voltadas à causa da escassez alimentar, devem, por meio de capital oriundo das esferas pública e privada e, contando com ajuda de profissionais voluntários, criar um sistema online no qual as famílias que não tiverem um acesso satisfatória à comida possam se cadastrar e receber, de acordo com o número de integrantes, um certo número de cestas básicas mensais. Logo, pouco a pouco, talvez o Brasil erradique quaisquer chances de voltar a pertencer ao Mapa da Fome.