O Brasil sempre apresentou um grande potencial agrícola devido ao clima e solo favoráveis, cultivando desde açúcar aos mais diversos grãos. No entanto, o país convive com um grande número de famintos, cerca de 7 milhões segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tal realidade é fruto de uma concentração fundiária e de renda com origens históricas e do grande percentual de grãos perdidos durante o transporte. Desde o período Colonial, o Brasil é marcado por uma concentração de terras e de renda, em que os senhores do engenho eram proprietários de latifúndios que geravam grande lucro. Por outro lado, os escravos trabalhavam em jornadas exaustivas e ainda passavam fome; a mais-valia existia antes mesmo de Marx. Esse cenário perdura até os dias atuais, podendo-se acrescentar a dificuldade de inserção das minorias, como negros e indígenas, no mercado de trabalho em decorrência da falta de oportunidade de qualificação da mão de obra. Ademais, o transporte de grãos é fator determinante para a fome no Brasil, tendo em vista os grandes desperdícios ocorridos durante o processo. Há registros de perdas de aproximadamente 0,5% da produção durante o transporte curto, o que equivale a prejuízos de 3 sacas por caminhão, em média. Essas perdas são decorrentes da má qualidade das rodovias e dos transportes e impedem que milhões de residências tenham acesso à alimentação. Diante dos fatos analisados, compreende-se que é de suma importância a criação de leis pelo Governo Federal que garantam a distribuição igualitária da terra no Brasil, a fim de que cada família possa produzir seus alimentos. Além disso, é imprescindível que empresas de produção de grãos melhorem a qualidade das carretas e que o Governo Federal construa rodovias com a estrutura necessária para transportar os alimentos, reduzindo as perdas.