Título da redação:

Progresso de barriga vazia

Tema de redação: A questão da fome no Brasil e seus fatores motivadores

Materiais:

Redação enviada em 05/02/2018

Retratada em obras literárias consagradas, como Vidas Secas, de Graciliano Ramos; a fome brasileira perdura em um país que, não obstante sua retomada em crescimento econômico, além do progresso vinculado ao agronegócio, pode voltar a compor o mapa mundial da fome da ONU, de onde o Brasil já havia saído em 2014. Esse inconveniente é consequência da desigualdade histórica que isola economicamente, politicamente e socialmente muitas famílias brasileiras em atual situação de miséria e pouco compreendidas pelo restante da população, incluindo entidades políticas e instituições que não entendem ainda a gravidade de tudo isso. Começando com a realidade econômica, a discussão entusiasmada em torno do crescimento do PIB em 2018 mascara a realidade de que os recursos financeiros não chegarão igualmente a todos, pois esse repasse irregular é algo que ocorre desde a colonização, na relação Colônia-Metrópole, e continua na mentalidade brasileira. Somado a isso o alto preço dos alimentos, devido à crise, a população carente, não conseguindo arcar com as despesas mais básicas, “morre de fome um pouco por dia”, como diria João Cabral de Mello Neto em “Morte e Vida Severina”. Correlacionado à dificuldade salarial, há ainda a crise de emprego que, segundo a PNAD, despediu 12,7 milhões de brasileiros em 2017 levando, portanto, à desnutrição mais famílias. Em questão política e social, em muitos casos pela distância em que vivem as famílias pobres das áreas administrativas, como também a falta de conhecimento a respeito dos próprios direitos, esses cidadãos acabam esquecidos e vivem em regiões mal gestionadas e assistidas. Outro detalhe importante seria o desauxilio de vias, rodovias e ferrovias de má infraestrutura que impedem a vinda de caminhões com estoques de alimentos a regiões mais isoladas. Para finalizar, há ainda a contradição entre a indiscutível importância do agronegócio, pela alta produção e desenvolvimento tecnológico que seriam capazes de alimentar todo o país e a realidade de que, contribuindo com 23,5 por cento do Produto Interno Bruto(PIB), a maior parte daquela é exportada, restando à agricultura familiar e à importação cuidar de toda a demanda sozinhos. Dado o conflito entre país em desenvolvimento e cidadão em estado de inanição, é preciso que aja maior diálogo entre as instituições governamentais e áreas carentes, através da construção, com auxílio dos municípios, de fóruns populares onde a população carente possa participar de : Pesquisas que possam indicar ao Governo Estadual o que a comunidade está precisando; debates políticos, econômicos e sociais, que as levem a refletir sobre os seus direitos como cidadãos. Cabe a todos os governos e à iniciativa privada renovar as rodovias e criar projetos que configurem novas com o intuito de interligar as áreas mais isoladas que carecem dessa infraestrutura.