A Guerra de Canudos, acontecida durante a Primeira República e ambientada no sertão brasileiro, teve como um de seus principais motivos: o descaso das autoridades com essa região. Além de não possuírem direitos básicos como a saúde e a educação – privilégios do litoral – a população ainda convivia com um dos maiores e ainda atuais problemas, a fome. De acordo com o sociólogo Karl Marx, a economia é o fator determinante em uma sociedade. Dessa forma, é imperioso ressaltar o papel da má distribuição de renda e da concentração latifundiária no país, que desde o início do Estado Brasileiro, beneficia grandes fazendeiros e empresários e lesa o setor menos abastado. Tal conjuntura é problemática, já que de acordo com pesquisa do IBGE, o Nordeste – região mais pobre do Brasil – ainda possui a maior incidência da fome. Portanto, é evidente que desigualdade social é um terrível agravante do impasse. Ademais, a falta de políticas públicas que resolvam a questão da fome no Brasil também é sentida. Em 2014, depois de muitos esforços, o país finalmente deixou o mapa da fome. Em contrapartida, o que aconteceu nos anos seguintes pode ser descrito como um regresso, posto que, segundo a ONU, o número de pessoas ingerindo menos calorias do que é necessário cresceu. Como motivos para tal retrocesso, é válido citar a crise econômica e a diminuição das chamadas “políticas assistencialistas”. Sendo assim, a falta de intervenção do Estado no que tange à fome é sentida “na pele” da população e é totalmente errônea. De modo exposto, é necessário que o Estado atue em conjunto com a sociedade para que o problema seja totalmente vencido. Para tal, o Governo Federal precisa investir em projetos de assistência social como o Bolsa Família e outros como crédito em bancos para famílias com renda insuficiente para que menos pessoas convivam com o imbróglio da fome. Outrossim, é importante que o Poder Legislativo crie leis a fim de cobrar impostos proporcionais à renda anual de cada cidadão para que o grau de equidade seja alcançado. Só assim, a população canarinha não terá motivos para repetir os feitos dos baianos de Canudos.