A Emenda Constitucional 64/2010 estabeleceu a alimentação com direito social no Brasil. Entretanto, apesar disso, a fome continua sendo um problema vigente nesse país, devido tanto à negligência em regiões como o Nordeste quanto a modelo agroexportador adotado. No poema modernista “Morte e vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, foi retratado a fome, miséria e dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino. Hoje, anos depois, essa população continua abandonada na seca, com poucas oportunidades de crescimento e até mesmo de sobrevivência. Infelizmente, essa região tem os menores índices de desenvolvimento econômico e social, além disso, projetos como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste não passaram de medidas paliativas e insuficientes para resolver um problema de raízes tão profundas. Tem-se assim, várias famílias passando fome, alimentado o gado com um cacto típico da região e, ainda assim, com a esperança de um amanhã melhor. Cabe citar ainda que, o modelo agroexportador brasileiro, que impera desde o período colonial, colabora ainda mais para acentuar problemas de fome e miséria, posto que, sufoca ainda mais as poucas oportunidades que pequenos agricultores têm. Com isso, não há como um simples agricultor competir com um grande latifundiário, que, apesar de subir o PIB brasileiro, acentua ainda mais problemas de desigualdade. Nesse contexto, é válido salientar que desenvolvimento econômico se difere de desenvolvimento social. Sendo assim, percebe-se que medidas efetivas se fazem necessárias a fim de solucionar o problema da fome no Brasil. Para isso, torna-se imperativo que o Poder Legislativo elabore políticas públicas que deem assistência a pequenos agricultores e a famílias em situação de miséria, por meio de concessão de subsídio e adoção de medidas protecionistas, tais como as adotadas pela União Europeia, visando assegurar seus direitos constitucionais e garantir sua autossustentação. Agregado a isso, influenciadores digitais devem divulgar a causa por meio de vídeos, textos, meios de comunicação em geral, buscando fomentar a atuação não só do governo, mas também da população no geral, uma vez que, parafraseando Chomsky, o Estado não é agente moral, as pessoas são.