A evasão escolar no Brasil se traduz como o sinal de uma problemática social maior. Dessa forma, a pobreza e o descaso governamental com a estrutura educacional relacionam-se diretamente como o afastamento precoce dos jovens da vida acadêmica. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), o número de crianças com idades entre 4 e 17 anos que encontram-se fora das escolas chegou a 2.486.245 em 2016, no Brasil. Esse fato torna-se preocupante devido às causas da evasão escolar. Em vista disso, sabe-se que o trabalho infantil ainda persiste no país, sobretudo, nas regiões mais carentes, nas quais os jovens precisam abandonar os estudos para auxiliar na renda familiar. Diante disso, os grupos mais vulneráveis acabam não tendo acesso à educação, uma vez que precisam buscar, antes de mais nada, a própria subsistência, o que leva, por sua vez, à reprodução do ciclo de pobreza no qual estão inseridos, assunto abordado por Josué de Castro na obra "Geografia da fome". Ao mesmo tempo, o abandono escolar também dialoga com a falta de estrutura adequada para a permanência do aluno em sala de aula. Isso acontece porque, em muitos casos, não há escolas em comunidades mais afastadas dos centros urbanos, o que, somado a ausência de transporte escolar gratuito ou a falta de manutenção desses ônibus, prejudica o deslocamento dos estudantes, o que torna inviável para muitos o acesso às instituições de ensino. Por conseguinte, existe nesse contexto um prejuízo ao direito à educação que deve ser garantido pelo Estado. O problema social que leva as crianças e adolescentes a afastarem-se da academia, portanto, engloba aspectos econômicos, no tocante da subsistência familiar, e na ausência do Estado na garantia da igualdade de direitos. Desse modo, é importante que o Governo Federal avance na promoção de inclusão das famílias em vulnerabilidade em programas sociais de geração de emprego e renda. Para tanto, é necessário o envio de equipes de assistência que realizem a pesquisa e cadastro desses grupos de risco de forma que possam ser direcionados ao Programa Bolsa Família bem como outros programas de capacitação profissional e oportunidade de emprego. Dessa maneira, as famílias assistidas poderão sobreviver de forma digna sem a necessidade do trabalho infantil. Já nas instâncias estadual e municipal, a prefeitura e o governo do estado devem atuar na garantia do acesso igualitário às instituições de ensino. Para concretizar tal objetivo, devem ser construídas escolas em localidades mais afastadas das grandes cidades, além disso, deve ser garantido a manutenção do transporte gratuito, de forma a auxiliar na permanência dos estudantes na escola para a construção da cidadania brasileira.