Título da redação:

Espaços vazios

Tema de redação: A questão da evasão escolar no Brasil

Redação enviada em 08/06/2018

Segundo o filósofo Immanuel Kant, "é no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade". Partindo-se desse pressuposto, é válido considerar que a problemática educacional ligada à evasão escolar está entre as principais causas do lento progresso brasileiro rumo ao desenvolvimento social, pois alunos fora das escolas significam a perpetuação das mazelas políticas, econômicas e sociais que o puseram nessa condição, como a mecanização do ensino e a situação econômica desfavorável que acarreta na necessidade de se trabalhar muito cedo, desviando o enfoque estudantil para o laboral. Diante disso, só no ensino médio, a evasão escolar já supera 12% do total de alunos, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Tal realidade é reflexo de um modelo de ensino mecânico, presente em todos os graus de aprendizagem em muitas escolas brasileiras, que consiste na simples passagem do conteúdo sem uma contextualização devida. Dessa forma, os alunos ficam fadados a copiar informações da lousa, mas não veem uma utilidade prática naquilo que foi aprendido, gerando uma não assimilação do contéudo e uma consequente falta de interrese nos estudos, configurando-se como a principal causa da evasão escolar entre jovens de 15 a 17 anos- 40,3% do casos - como aponta a Fundação Getúlio Vargas. Ainda é válido lembrar o histórico problema da distribuição de renda no país, que resulta em inúmeras famílias com recursos econômicos irrisórios para sua sustentação. Geralmente, os filhos integrantes desses núcleos familiares menos favorecidos são obrigados a ter que trabalhar desde cedo para ajudar na renda em casa, o que os faz abandonar as aulas que trariam uma perspectiva de futuro melhor para eles. Além disso, faz-se relevante ater-se para a situação daqueles que vivem na zona rural, muitas vezes sofrendo condições exploratórias no trabalho, que além do fator laboral, soma-se o da distância que normalmente esses locais ficam das escolas. Urge, portanto, a necessidade imediata de uma reformulação de ensino no país. Para isso, o Ministério da Educação deve implementar um modelo híbrido de aprendizagem nas escolas brasileiras, dividindo as aulas em dois blocos: um tradicional, com professores e alunos na sala de aula e outro que busque contextualizar o contéudo, o que pode ser em laboratórios, em palestras, em atividades artísticas, como teatro, ou através de salas de informáticas que devem ser equipadas para esse fim, fazendo com que o aluno veja sentido prático nas palavras escritas na lousa. Por fim, cabe às escolas realizar visitas nas casas dos alunos que trabalham para analisar a situação socioeconômica e reivindicar do Estado auxílios financeiros, evitando, assim, que espaços vazios sejam encontrados nas cadeiras das escolas, das universidades e, sobretudo, no futuro do país.