Título da redação:

Espaços vazios

Tema de redação: A questão da evasão escolar no Brasil

Redação enviada em 09/06/2018

Segundo o filósofo Immanuel Kant, "é no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade". Partindo-se desse pressuposto, é válido considerar que a problemática educacional ligada à evasão escolar está entre as principais causas do lento progresso brasileiro rumo ao desenvolvimento social, pois alunos fora das escolas significam a perpetuação das mazelas políticas, econômicas e sociais que o puseram nessa condição, como a mecanização do ensino e a situação econômica desfavorável que acarreta na necessidade de se trabalhar muito cedo, desviando o enfoque estudantil para o laboral. É sabido que, só no ensino médio, a evasão escolar já supera 12% do total de alunos, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Tal realidade é reflexo de um modelo de ensino mecânico, presente em todos os graus de aprendizagem em muitas escolas brasileiras, que consiste na simples passagem do conteúdo sem uma contextualização devida. Dessa forma, os alunos ficam fadados a copiar informações da lousa, mas não veem uma utilidade prática naquilo que foi aprendido, gerando uma não assimilação do conteúdo e uma consequente falta de interesse nos estudos, configurando-se como a principal causa da evasão escolar entre jovens de 15 a 17 anos- 40,3% do casos - como aponta a Fundação Getúlio Vargas. Além disso, o histórico problema de distribuição de renda no país, em que 10% da população concentrava 43,3% da renda do país em 2017, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cria o contexto no qual muitos alunos se veem obrigados a se abster dos estudos para trabalhar, visando ao complemento da renda familiar. Destarte, tal realidade se agrava, à medida em que ela é a garantia para a perpetuação dessas dificuldades socieconômicas, uma vez que, sem estudos, dificilmente esses estudantes conseguirão profissões bem remuneradas. Urge, portanto, a necessidade imediata de uma reformulação de ensino no país. Para isso, o Ministério da Educação deve implementar um modelo híbrido de aprendizagem nas escolas brasileiras, dividindo as aulas em dois blocos: um tradicional, com professores e alunos na sala de aula e outro que busque contextualizar o conteúdo, o que pode ser em laboratórios, em palestras, em atividades artísticas, como teatro, ou através de salas de informáticas que devem ser equipadas para esse fim, fazendo com que o aluno veja sentido prático nas palavras escritas na lousa. Por fim, cabe às escolas realizar visitas nas casas dos alunos que trabalham para analisar a situação socioeconômica e reivindicar do Estado auxílios financeiros, evitando, assim, que espaços vazios sejam encontrados nas cadeiras das escolas, das universidades e, sobretudo, no futuro do país.