Em seu livro, “ Capitães de Areia”, Jorge Amado retrata o cotidiano das crianças que residem nas ruelas de Salvador. A obra realista denuncia a negligência do estado na atenção aos direitos infanto-juvenis, como o que o ocorre na atualidade, observado nos dados de evasão escolar no Brasil, um reflexo do descaso dos poderes com a educação. Ora, a evasão escolar é consequência de um desgoverno. Partindo dessa reflexão, a precariedade das escolas contribui para essa mazela. A maioria das instituições de ensino não possuem estrutura mínima para realização de aula, grande parte delas funcionam em locais inapropriados: debaixo de árvores, em casas de terceiros e em igrejas, na ausência de recursos básicos como rede de esgoto, água potável e energia elétrica, como aponta a pesquisa realizada pela Universidade de Brasília, onde menos de 1% das escolas brasileiras possuem estrutura ideal para ensino, o que leva muitos jovens se distanciarem destas por não apresentarem um ambiente confortável. Logo a criação de escolas dignas é extremamente importante para a permanência da população na vida escolar. Ademais, o modelo educacional tradicional favorece a continuação dos altos índices de evasão. A maneira com que se prossegue na vida acadêmica desfavorece muitos daqueles que não conseguem alcançar índice de aprovação estabelecidos nas etapas escolares, um grande contingente de estudantes após sucessivas reprovações, por falta de uma atenção pedagógica individual, acabam se sentido deslocados, pois apresentam uma idade muito superior ao restante da turma, o que leva saída dos mesmos da rede de ensino. Portanto criação de um treinamento realizado pelo MEC para os pedagogos, na formação de estratégias para recuperação de estudantes retardatários torna-se uma medida eficaz contra a saída destes da escola. Repensar um novo modelo de sociedade choca-se contra grave situação da evasão escolar. Para mudar tal conjuntura é necessário a ação do poder executivo na criação de programas de construção de escolas estruturadas, com boas condições, além da formação de campanhas feitas pela mídia denunciando essa mazela. É através da máxima de Paulo Freire que se resume a luta contra a fuga escolar: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. ”