Título da redação:

Liquidez social

Tema de redação: A questão da depressão e seus impactos na sociedade

Redação enviada em 31/08/2018

O ano de 1929, nos Estados Unidos, foi marcado pela maior crise do sistema capitalista, a qual faliram várias empresas e muitos cidadãos perderam seus empregos, consequentemente, o número de doenças como a depressão aumentaram exponencialmente. Nesse sentido, no Brasil, hodiernamente, verifica-se que essa doença foge do cenário de crise econômica e afeta o segmento mais promissor de uma sociedade – a juventude -, seja pelo descontentamento profissional, seja pela inoperância estatal. Em primeira análise, cabe pontuar que é crescente os casos de jovens que se decepcionam com suas decisões profissionais. Isso ocorre devido ao conservadorismo de seguir determinadas profissões, aspirando ao prestígio social e financeiro. Nessa perspectiva, devido à fragilidade e falta de diálogo, muitos pais impõem que seus filhos sigam determinadas profissões, como engenharia, advocacia ou medicina. Com essa prática flageladora, muitos jovens acatam a imposição, mas no decorrer da vida profissional se frustram e, em muitos casos, entram em depressão. Dessa forma, é notório que essa liquidez das relações, como afirma o sociólogo Zygmunt Bauman, é um dos males da pós-modernidade. Em segundo plano, convém frisar que a ausência de investimentos na saúde dificulta o tratamento dessa doença psicossomática. À vista disso, o número de quadros depressivos cresceu oito vezes em 16 anos, no Brasil - segundo o portal G1. Essa realidade patológica é agravada pela parcimônia estatal em não financiar projetos ligados a essa doença, como ocorreu no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, em que, por falta de investimentos, suspenderam as pesquisas sobre diagnósticos de depressão com exames intravenosos e por imagens cerebrais. Desse modo, é imperioso que o dever constitucional do Estado em proporcionar à saúde aos cidadãos, saia da teoria e seja colocado em prática. Torna-se evidente, portanto, que a falta de diálogo entre a família aliado à ausência de investimentos na saúde são impulsionadores do problema. Logo, cabe ao Congresso Nacional, mediante o aumento do percentual de investimentos – o qual será possibilitado por uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentarias-, ampliar o setor de pesquisas das universidades de medicina, visto que um rápido diagnóstico, consoante a um tratamento eficiente, pode reverter o quadro atual. Outrossim, cabe às escolas, como instituições formadoras de opinião, instruir o debate na família, a fim de que as relações familiares se tornem mais sólidas e as decisões não sejam decretadas, mas construídas em conjunto. Assim, com essas ações, o cenário atormentador ocorrido na década de 30 será amenizado.