A depressão se apresenta como um fenômeno global, e é uma doença inerente à sociedade contemporânea, uma vez que está atrelada a algumas características do mundo moderno. Dois argumentos que comprovam esse ponto de vista são as crises financeiras e as intensas pressões sociais da sociedade moderna capitalista, que levam milhares de pessoas à depressão. Primeiramente, é importante ressaltar que, de acordo com os psicólogos, a depressão não é vista como uma doença, propriamente dita, o que dificulta que as pessoas a detectem e busquem o tratamento adequado. Geralmente, relaciona-se a depressão com uma simples tristeza ou apatia, havendo, inclusive, um certo preconceito em relação à doença. Em outras palavras, a depressão é uma doença que não é levada a sério. No entanto, o seu crescimento revela-se alarmante, à medida que o mundo atual intensifica algumas de suas principais causas, como problemas financeiros, dívidas, inflação, pobreza, baixos salários e altos níveis de desemprego. Além disso, vale também ressaltar que os problemas sociais atuais geram, cada vez mais, pessoas deprimidas. A saber, problemas como a ditadura da beleza, os esteriótipos físicos, o consumismo, a intolerância religiosa, sexual e racial e o "bullying". Todas essas pressões sociais oprimem as pessoas e causam a depressão, trazendo relevantes impactos na sociedade, como o aumento de crianças e adolescentes deprimidos, a morte de 1 milhão de pessoas por ano por suicídio (de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde), o aumento do uso de drogas e o agravamento de doenças pré-existentes, como diabetes, obesidade e problemas cardíacos. Dessa forma, confirma-se que a depressão emerge como mais uma característica da realidade contemporânea e, por isso, deve ser combatida como uma doença. Para tanto, o Ministério da Saúde deve ser o agente de uma ação que promova o tratamento adequado para as pessoas que sofrem desse mal. Tal ação deve ser feita por meio da criação de Núcleos de Apoio à Depressão dentro dos hospitais públicos, oferendo medicamentos, terapias e apoio psicossocial aos pacientes, visando proporcionar maior qualidade de vida a esses doentes e evitar o avanço da doença. Como complemento a essa ação, esse mesmo Ministério deve veicular uma campanha nos principais meios de comunicação, elencando os sintomas da doença e convocando aqueles que os apresentarem a buscarem tratamento no Núcleo de Apoio do hospital público mais próximo. O objetivo dessa campanha é conscientizar a população sobre os sinais dessa doença e sobre a necessidade de tratá-la. Essas duas medidas possuem um alto potencial de eficiência no combate à depressão, a qual é intitulada pelos especialistas como "a doença da alma", mas que, quantitativamente, equipara-se à peste bubônica, que foi o mal do século 14, sendo, portanto, a depressão, o mal do século 21.