A segunda fase do Romantismo, escola literária situada em meados do século XIX, refletiu sobre a temática das emoções humanas diante de uma nova realidade, marcada pela vida no espaço urbano, que provocou profundas mudanças nas relações interpessoais já existentes. Álvares de Azevedo, um dos principais autores dessa corrente literária, teve sua obra pautada, principalmente, em sentimentos como pessimismo, sofrimento, solidão etc., assim como na depressão, que encontra lugar de destaque entre as questões recorrentes durante esse período. Essa, denominada, por alguns, de mal do século, ainda se faz presente na sociedade brasileira do século XXI de forma abundante, com altas taxas de incidência desde os mais jovens até os mais vividos. A depressão é uma doença que vem sendo minuciosamente investigada há décadas, isso pelo fato dela ser um dos mais misteriosos e intrigantes distúrbios do corpo humano. Ela se instala de modo lento e gradual e, muitas vezes, é descoberta pelo doente nos seus estágios mais avançados. Os sintomas diferem-se na medida em que se distanciam as faixas etárias dos afetados, e isso prejudica, significativamente, o diagnóstico desse mal, que, em muitos casos, passa ,desapercebidamente, como uma simples vontade de chamar atenção. Nesse contexto, o filme “As horas”, lançado em 2002 e dirigido por Stephen Daldry, representa, com excelência, a temática da depressão, vivenciada, no filme, por três personagens com personalidades diferentes, o que faz diferir, também, o modo como cada uma lida com a doença. Ele ilustra, também, como uma pessoa doente pode influenciar outras ao seu redor ou muito além disso, visto que, na trama, uma personagem passa a apresentar sintomas do distúrbio após ler um livro, escrito por outra personagem, que trata do assunto, refletir sobre ele e se identificar com a história. Desse modo, é perceptível que a depressão é um mal que pode, sim, ser evitado antes que cause, ao doente, maiores danos. No referente à prevenção da doença ou ao tratamento de pessoas afetadas, cabe ao Estado, juntamente com as esferas estaduais e municipais, o incentivo à midiatização mais frequente do assunto, principalmente através da internet e dos canais televisivos de TV aberta. Nesse sentido, devem ser lançadas campanhas com o objetivo de instruir a sociedade de como identificar os primeiros sintomas dessa enfermidade e ajudar os doentes a reconhecê-la e a se tratar. Além disso, devem ser fomentadas palestras escolares para tratar do assunto diretamente com os jovens, que sofrem ,de forma tão frequente, com esse mal. Dessa forma, haverá a gradual conscientização da população no que tange ao assunto, e, a partir daí, a mudança se tornará evidente, pois, segundo Hegel, importante filósofo alemão, é a mudança no pensamento que torna efetiva a mudança da realidade.