Título da redação:

Depressão e literatura brasileira: a herança dos ultrarromânticos

Tema de redação: A questão da depressão e seus impactos na sociedade

Redação enviada em 02/09/2017

Literariamente, a problemática da depressão sempre se fez presente na literatura brasileira, seja no poema de Drummond "Necrológio dos desiludidos do amor", ou em "Um cadáver de poeta" do ultrarromântico Álvares de Azevedo, ambos descrevem, com magnificência, a principal característica da contemporaneidade: a depressão. Nos dias atuais, apesar de ouvidorias anti-depressão, os impactos da doença, devido a avanços tecnológicos e catástrofes no que tange à manutenção do bem estar social, continua no Brasil. À guisa de Zygmunt Bauman, as redes sociais são a primordial ilustração da modernidade líquida, que se configura pela superficialidade dos vínculos e fragilidade dos laços. Nesse contexto a depressão, por ser um problema que está fortemente ligado à ampliação das relações no meio virtual e a restrição dessas no meio físico, encaixa-se perfeitamente nas palavras do sociólogo. Essa correlação encontra fundamento no fato de que a doença se agrava no cidadão gradativamente o que gera sérias consequências, como o isolamento íntegro do indivíduo. Dessa forma, este engana-se achando que está confortado na internet. Ademais, o impacto da doença no ambiente familiar é um importante tópico fomentador desse problema. Essa conjuntura valida-se no fato que o indivíduo, quando diagnosticado, não consegue, normalmente, o apoio necessário para tal empecilho, sobretudo por causa da incompreensão sobre o tema que é encarado com demasiado preconceito e, por isso, é capaz de motivar ações drásticas como o suicídio. Nessa perspectiva, mais de 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo é o principal motivo é a depressão, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde. Assim, a abrangência desse fenômeno nocivo é surpreendente. "Um galo sozinho não tece uma manhã/ele precisará sempre de outros galos." Do excerto de "Tecendo a manhã", de João Cabral de Melo Neto, depreende-se a importância da colaboração de um conjunto de agentes na resolução desse impasse. É imperativo que o Ministério da Saúde conscientize, mediante campanhas mediáticas, a sociedade sobre as características e os sintomas da depressão. Concomitantemente, à família, por meio de atividades recreativas, incluir os parentes no convívio rotineiro e impedir o isolamento desses; o indivíduo, por intermédio de horários programados, conciliar o tempo de navegação na rede e de confraternização no meio físico, de modo que possa divergir do estilo de vida ultrarromântico e garantir o bem-estar próprio e coletivo.