Nas últimas décadas, com o enorme surgimento de novas tecnologias, a sociedade, especialmente o jovem, está passando por turbulentas transformações. Nesse contexto, a depressão ocupa lugar de destaque (de acordo com a OMS, o Brasil é um dos três países com o maior número de depressivos no mundo) e isso pode trazer malefícios, não só ao próprio depressivo, como também à sociedade como um todo. As bruscas mudanças pelas quais a sociedade passou e a falta de informação sobre essa nova crise são elementos que explicam a atual situação do problema no país. Durante a idade média, os camponeses não podiam ascender socialmente e aceitavam com facilidade todos os preceitos da igreja. Assim, os objetivos eram claros: seguir doutrinas religiosas para garantir um lugar no paraíso. Após alguns séculos, passou-se a agir a partir da razão, e a tecnologia começou a avançar. Com isso, os homens tiveram mais liberdade para refletirem sobre o real sentido das ações humanas e, ao mesmo tempo, os avanços tecnológicos tornaram a sociedade cada vez mais volátil. Para o filósofo Polonês Zigmunt Bauman, o mundo atual vive um momento de liquidez, em que nada dura e tudo some de um dia para o outro. Assim, as pessoas, principalmente os jovens, sentem dificuldades ao lidarem com o mercado de trabalho, com os relacionamentos, com as escolhas religiosas e com tudo que está em constante transformação. Imerso nesse novo mundo, onde é possível fazer e desfazer 50 amigos rapidamente em redes sociais, a depressão - que está diretamente ligada ao suicídio e pode causar baixo rendimento físico e intelectual, trazendo diversas perdas sociais e econômicas - cresceu entre todos. Perante isso, aqueles que não sofrem com o problema têm o dever de ajudar a amenizar a situação, coisa que não acontece. Por ser um mal do século XXI, a sociedade ainda não possui uma grande compreensão sobre a depressão e, em alguns âmbitos, os depressivos podem ser mal interpretados. É muito comum a depressão ser associada à uma fraqueza, ou algo de gente incompetente, que carece de atenção. Diante disso, a mídia e o Estado devem agir para atenuar a problemática. O filósofo Mário Sérgio Cortella afirma que nunca, em todos seus anos como escritor e filósofo, viu um número tão grande de jovens se interessando por filosofia como em 2015. Desse modo, o MEC deve realizar palestras gratuitas, com sociólogos e filósofos, em universidades para promover a reflexão acerca do modo de vida atual e do uso das novas tecnologias. Ademais, os meios midiáticos devem trabalhar para mudar a péssima concepção que o brasileiro tem sobre a depressão por meio de discussões sobre o assunto em programas e novelas.