"Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?". Esse verso do grupo Los Hermanos pode ser relacionado com a suposta apropriação cultural no Brasil, já que alguns indivíduos radicais de grupos minoritários não apoiam o fato de pessoas de costumes alheios adotarem características de suas culturas, desconsiderando, dessa forma, dentre outros elementos, o direito à liberdade de expressão. Por esse viés, cabe analisar os aspectos culturais e políticos que envolvem essa questão no país. Primeiramente, nota-se que o processo de globalização – na Era da Internet – tem influenciado um intenso intercâmbio cultural. Isso porque a transmissão dos valores culturais se dá juntamente com a ampliação dos meios de comunicação e imigração, tendo como consequência, a mescla de características e costumes. Como exemplo, constata-se a diversidade de grupos que partilham seus conteúdos na rede social Youtube. Desse modo, esse fato social confirma os estudos do sociólogo Émile Durkheim de que a cultura exerce influência sobre as pessoas. Também, observa-se que o poder público mostra-se negligente ao permitir o desrespeito à liberdade individual. Isso dado que existe uma deficiência no processo de conscientização dos pequenos corpos sociais em prol do respeito para com o diferente. Numa democracia, os cidadãos são livres para usar o que quiserem. Sendo assim, vê-se que o governo não tem garantido o bem-estar dos seres humanos, evidenciando, dessa maneira, o desrespeito aos princípios fundamentais das sociedades civilizadas, previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Ressalta-se, em suma, que o conceito de apropriação cultural desconsidera a globalização e liberdade de expressão. Para que isso não ocorra, é necessário sensibilizar a sociedade, via ações não governamentais, para que não se aceite essa naturalização. Também, é importante exigir do governo, mediante debates públicos, uma postura mais eficaz diante dessa desconsideração. Além disso, deve haver a promoção à educação crítica, por intermédio de projetos escolares, para que se estimule a harmonia e respeito para com o diferente. Dessa forma, não haverá "atrevidos" para radicalizar a propagação cultural na realidade contemporânea.