Enquanto Trumps, presidente americano, recebe diversas críticas pela sua iniciativa em construir um muro separando os Estados Unidos do México, aqui, no Brasil, algumas pessoas insistem em construir barreiras sociais e culturais em vez de pontes, isso, entre os próprios brasileiros. O caso da moça branca que foi questionada por usar turbante, vestuário típico de negro, incomodou algumas pessoas, as quais logo se pronunciaram na Internet, utilizando-se do termo: apropriação cultural. Expressão esta, de sentido negativo, que expressa a ação da cultura dominante apropriar-se da cultura dominada. No entanto, o turbante não faria parte da cultura brasileira? O Brasil, um país democrático e multicultural, tem lutado contra todos os tipos de preconceito e de intolerância. Porém, alguns discursos acabam explorando algum tipo de preconceito para algum fim diverso, menos para combatê-lo. No caso da moça do turbante, de acordo com o senso comum o turbante faz parte da cultura africana, povo oprimido pela escravidão em todo o mundo, portanto a cultura dominada. Contudo, há evidências que o turbante não foi peça exclusiva da cultura africana. E, mesmo que o turbante fosse exclusivo da cultura africana, este já poderia ser considerado parte da cultura brasileira, cultura esta formada por uma mescla da cultura branca, negra e indígena, entre outras. Por sua vez, grande parte da população brasileira não enxerga como uma tentativa de dominação o simples fato de usar um turbante. Eles o utilizam por motivos estéticos ou por modismo. Se o conceito de apropriação cultural for mesmo maléfico, essa apropriação não decorre de ações individuais, e sim, de algo maior como da indústria da moda ou do sistema capitalista. Logo, descriminar um brasileiro branco por utilizar um acessório originalmente tido como da cultura africana, demonstra total intolerância e um argumento errado para se combater o racismo. Desse modo, para contribuir para a construção de um país mais democrático e tolerante, ideias e opiniões devem ser respeitadas, entretanto, discursos incoerentes e que propiciem a divisão devem ser ignorados. Por isso o Ministério da Educação deve incluir nos currículos escolares matérias relacionadas às diversas culturas que originaram a cultura brasileira, enfatizando que todos fazem parte dela. Assim, ocorrerá uma identificação maior com um Brasil sem divisões, e, consequentemente, discursos inconsistentes a esse respeito serão mais facilmente desconsiderados. A grande mídia também pode contribuir com unidade cultural brasileira, principalmente mediante as telenovelas, que possuem grande influência sobre a população, propagando informações a esse respeito.