A recente popularização das redes sociais trouxe com ela discussões antes inexistentes, entre elas a questão da apropriação cultural. Tais debates, entretanto, ultrapassam a definição de cultura: fatores como a multiculturalismo brasileiro, por exemplo, são esquecidos e dão lugar ao racismo e etnocentrismo. Percebe-se, pois, que a apropriação cultural, em si, é inexistente no Brasil. Necessita-se, em primeiro lugar, entender o que estamos lidando. Edward B. Taylor, antropólogo francês, define cultura como “todo o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis e costumes adquiridos pelo homem em sociedade”. Logo, percebe-se que se apropriar da cultura alheia vai além do fato de uma pessoa branca estar usando turbante, tranças ou dreadlocks, por exemplo. O julgamento de apropriação cultura está sendo utilizado, na maioria das vezes, desnecessariamente. Em segundo lugar, existe ainda a pluralidade cultural brasileira como fator importante a considerar. Nota-se, vasculhando a história do nosso país, o quão diversificado somos, tanto racialmente, quanto etnicamente. Diante disso, é necessário diferenciar apropriação de uma simples mistura cultural: a primeira exclui uma cultura retirando-a do seu contexto de origem, já a segunda acontece há 517 anos e é o que nos torna únicos enquanto nação. Percebem-se também influencias raciais e étnicas nos discursos de apropriação cultural. O exemplo mais recente, exposto nas redes sociais, foi de uma moça, que por ter raspado os cabelos em razão de um câncer, usava um turbante. Ela foi questionada por duas mulheres negras no metrô, uma vez que era branca, e que “não possuía o direito de usar o turbante, porque era exclusivo para negros”. Esse tipo de postura, racista e ignorante, exemplifica o modo de agir da população brasileira quando o tema tratado envolve cultura. Logo, constata-se que a existência da apropriação cultural depende do conhecimento de quem faz tal julgamento. É necessário, portanto, educar a sociedade brasileira a fim de fazê-la entender o que é apropriação cultural e o porquê dela praticamente não existir no nosso país. Nesse ínterim, o Ministério da Cultura pode, através da internet e TV, divulgar conteúdo informativo sobre o que é cultura, a história cultural, étnica e racial do Brasil, e sobre a própria apropriação cultural, com intuito de trazer conhecimento para a população. Pois, como afirmou Albert Einstein: “sem cultura moral não haverá nenhuma saída para os homens”.