Título da redação:

Por um uso consciente

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 17/10/2017

Durante a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, os Modernistas já apontavam para o sincretismo cultural do país, cuja construção se deu pela fusão da influência de vários povos , como africanos e europeus, que por aqui passaram. Entretanto, apesar dessa diversidade cultural, que coloca o brasileiro como símbolo de um povo miscigenado, o uso sem reflexão de elementos de uma cultura por outra diferente, como a utilização, por brancos, de turbantes - símbolo da resistência negra - apenas como adereço estético, abre espaço para a complexidade que é o tema da apropriação cultural. A priori, é valido ressaltar que não constitui uma problemática o fato de uma indivíduo se sentir atraído por elementos de uma cultura que não lhe é própria. Durante o Modernismo Brasileiro,por exemplo, o Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade trouxe a ideia de absorver características da cultura estrangeira e adaptá-la à nacional. No entanto, é comum que, na intenção de impulsionar as vendas, marcas de roupas promovam propagandas nas quais há a presença de mulheres brancas utilizando "dreads" no cabelo, símbolo do movimento rastafári, sem nenhum tipo de preocupação em transmitir o significado por trás desse estilo, rebaixando- o a um mero objeto de desejo. Ademais, o constante "culto do eu" propagado nas redes sociais, como Instagram e Facebook, é um questão que reforça o uso comercial desses elementos. Assim, pessoas, de fato, se apropriam de uma cultura alheia para "estar na moda." Outro exemplo que reforça essa relação é a utilização de calças rasgadas, vestimentas características dos hippies, que, paradoxalmente aos seus ideais anticapitalistas, são comercializadas a um preço superior quando comparada a uma peça lisa. Destarte, o ponto crucial da questão da apropriação em questão não está centrada apenas no uso, mas na utilização sem a devida conscientização. Portanto, é necessário que as escolas, em parceria com o Ministério da Educação, desenvolva palestras que mostrem a importância da valorização das diversas culturas que o Brasil compõe, mediante professores que abordem o assunto de forma clara e compreensível. Cabe ao CONAR (O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) fiscalizar eventuais propagandas que minimizem ou tirem o significado de elementos que representam um povo. Caso isso seja posto em prática, será possível manter a pluralidade brasileira e, concomitantemente, respeitar cada aspecto dessa diversidade.