Título da redação:

Os limites culturais

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 12/04/2017

A apropriação cultural pode ser entendida como o uso indiscriminado de objetos, hábitos ou estéticas que possuem valor simbólico e cultural a um determinado povo. No Brasil, a questão foi abordada após a jovem Thauane Cordeiro ter feito uso de um turbante, sendo repreendida por uma ativista. O episódio obteve repercussão através das mídias tecnológicas, entretanto, a discussão não explorou de fato a significância do termo. Sobre o ponto de vista antropológico, o controle sobre símbolos culturais pode ser interpretado de forma ingênua visto que, entre os povos da humanidade como egípcios, macedônios, árabes e gregos, sempre houveram trocas, seja de elementos ou de conhecimentos. No entanto, sobre o contexto social, econômico e racial, a apropriação cultural é entendida como uma forma de desigualdade. O apoderamento simbólico está relacionado a questões estruturais e estruturantes da sociedade brasileira passando pelo esvaziamento histórico e cultural de etnias retiradas do continente africano para serem escravizadas. É fundamental pontuar, ainda, que a interação entre grupos, historicamente, marginalizados e seus antagonistas foi estabelecida sobre uma relação de preconceito, exclusão e poder. Os elementos utilizados por princípios religiosos e por resgate de identidade confere o elo entre um povo e sua origem, sendo que a questão não deve ser problematizada quando há o uso individual de objetos culturais, mas quando este passa a ser atributo capitalista, o qual é comercializado mundialmente sob fins lucrativos. Dessa forma, é possível afirmar que o debate sobre questões culturais, como a apropriação, não deve se restringir apenas ao "purismo cultural", onde somente determinados povos podem utilizar os elementos de sua cultura. O uso de turbantes, dreadcloks, cocar e desenhos tradicionais, são símbolos culturais e estéticos que compõem a nação miscigenada, porém, também carregam valor representativo de resistência no meio em que estão inseridos. Dessa forma, no intuito de conter a descriminação por uso de elementos, o Ministério da Cultura deve desenvolver e aplicar por meio de políticas públicas, programas que informem a população a cerca da apropriação. Além disso, e necessário a promoção de campanhas que adotem um conduta contrária a comercialização de objetos de um segmento cultural. Dessa maneira haverá empoderamento e respeito sobre as identidades históricas.