Título da redação:

O limite da "goumertização"

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 29/04/2017

“Você não deveria usar turbante porque você é branca”. Tal declaração, feita por uma mulher negra a uma estudante de Curitiba neste ano reacendeu o debate sobre o processo de apropriação cultural no Brasil. Definido como o ato de apropriar determinados elementos de uma cultura, qual o limite entre o elogio e a adoção e esvaziamento de significado dela? Em princípio, o uso de elementos culturais como um turbante parece inofensivo. No entanto, utilizá-los de forma indiscriminada pode representar um processo de depreciação cultural de uma minoria. Isso fica evidente no processo de produção em massa que produz adereços sem considerar seus valores histórico e social. Além disso, a apropriação cultural feita pelo capitalismo realiza um processo de “goumertização” de uma cultura pertencente a uma minoria, intensificando o preconceito já sofrido por esse grupo. No entanto, se o intercâmbio cultural ocorrer de forma dinâmica e consciente, tanto a cultura dominado quanto a de menor abrangência são fortalecidas. Afinal, como defendido por Zygmunt Bauman, as comunidades da pós-modernidade não têm como manter puras suas tradições, elas não podem estabelecer limites de fronteiras que separam o “dentro” e o “fora”. A exemplo disso, pode-se citar o processo de formação da identidade brasileira baseada no fenômeno de aculturação entre europeus, indígenas e africanos. Fica evidente, portanto, que o problema não está no uso de uma cultura por outra, mas sim no fato de uma delas ser utilizada sem o conhecimento de seu valor simbólico para as comunidades tradicionais. Além disso, como defendido por Zygmunt Bauman, não há mais tradições puras, mas sim uma troca mutua benéfica para todos. Desse modo, promover ações culturais, como por exemplo, feiras públicas financiadas pelo Ministério da Cultura e programas educacionais com o suporte da mídia, seria fundamental para esclarecer a importância da diversidade. Obs.: não consegui alinhar as margens.