Na tão lembrada carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão mais famoso da nossa história contava sobre a presença de um povo que, sob os olhares de soberania dos europeus, precisava ser civilizado: os índios. Nossos colonizadores fizeram o trabalho sujo do genocídio e da intolerância, destruindo de forma direta a cultura desses povos. Atualmente isso não é diferente. Perseguidos, desrespeitados e com sua cultura dizimada, assim encontram-se muitos povos de diversas raças e etnias que convivem em nossa nação. Nesse contexto, a apropriação cultural surge como forma de valorizar variadas culturas, mas ainda causando muitos impactos na contemporaneidade. É importante pontuar, de início, que vivemos em um país imerso em determinados costumes, línguas, hábitos alimentares, religiosos, entre outros elementos que moldam a sociedade. No entanto, desde a colonização até a sociedade atual viemos, demasiadamente, desvalorizando culturas que desenvolveram-se em nossas terras. Prova disso é a questão do índio no Brasil, sendo a nossa língua classificada, popularmente, como oficial, enquanto a deles são dialetos, assim como nossa cultura é rica e civilizada, enquanto a deles é considerada folclore por muitos de nós, revelando que, de fato, a apropriação cultural é mínima na sociedade contemporânea. É fundamental pontuar, ainda, o papel da internet na apropriação cultural. Essa ferramenta revolucionou a maneira de muitas pessoas pensar e agir, podendo ser usada a favor ou contra dessa apropriação. As redes sociais tornaram-se verdadeiros ambientes de debates e críticas sobre diferentes assuntos, entre eles o cultural, o que acaba contribuindo para a formação de reivindicações concretas. Manifestações sociais como a do movimento Negro, por exemplo, que busca entre os vários objetivos a valorização da cultura afro-brasileira, tem alcançado um público de defensores cada vez maior graças a essa ferramenta. Fica evidente, portanto, que essa é uma situação que não podemos mais suportar. Tratar pessoas de maneira diferente só por causa de sua cultura, não pode ser um problema na sociedade. Para resolver esse problema, a mídia e as ONGS, em parceria, devem trabalhar em comerciais de TV, programas, debates e campanhas a necessidade de uma apropriação cultural, visando a valorizar a cultura de povos que desenvolveram-se no Brasil. Além disso, a escola deve trabalhar em discussões e aulas temáticas a importância do pluralismo cultural, desmistificando a questão do uso de turbantes por parte dos brancos e, ainda, favorecendo a diminuição do racismo. Dessa forma, ao invés de fazer o trabalho sujo dos nossos colonizadores, formaremos na sociedade um sentimento de respeito e de apropriação cultural.