A questão da apropriação cultural no Brasil tornou-se o epicentro de debates nas redes sociais. O uso tido como indevido de adereços de um determinado grupo por outro representado como opressor tem levantado discursões envolvendo racismo, modismo e liberdade individual. Dessa forma, é preciso compreender os pros e os contras do uso de elementos culturais de um grupo por outro totalmente diferente. Da era colonial com a escravidão, perpassando pelos séculos XIX e chegando ao século XXI, os negros sempre foram vitimas do racismo. O empoderamento negro com as lutas por direitos iguais e respeito tem levantado bandeiras, como a utilização de adereços que representam sua cultura. O turbante é um exemplo desses elementos, que nos últimos tempos caiu no gosto dos editoriais de revista de moda, sendo comum vê mulheres brancas utilizando simplesmente por está em alta no mercado consumidor. Com isso, grupos de resistência negra questionam esse uso, classificando como inadequado, pois o turbante possui uma história de luta e legitimidade racial, uma vez que quando usado por uma negra é mal visto pela sociedade, ao passo que quando usado por uma branca torna-se bonito e moderno. Por outro viés, a liberdade garantida por lei no Brasil, dar o direito a todos de se vestir como achar melhor, desde que o direito do outro não seja ferido. O relato de uma jovem branca nas redes sociais, que foi julgado por mulheres negras por está usando um turbante levantou posicionamentos divergentes nas redes sociais. A atitude das mulheres negras foi interpretada também como racista, haja vista que não é a utilização de um adereço de um grupo por outro que indica desrespeito ou apropriação cultural. Além do mais, se a intenção é tornar a sociedade menos segregalista essa mistura cultural só irá contribuir na quebra do preconceito que foi enraizado ao longo da história. Desse modo, mais importante do que o uso de um adereço é perpetuar a tolerância e o respeito, na medida em que o Brasil é um país miscigenado. Para isso é preciso que as instituições de ensino promovam debates entre grupos raciais diferentes. Isso se dará através de peças teatrais, musicalidade e vestimentas peculiares. Ademais, campanhas midiáticas que permita a reflexão sobre o uso de elementos culturais devem ser realizadas visando o interesse da população para conhecer o que aquele adereço representa na construção da história de um determinado grupo e não apenas o usar por está na moda. Só assim será possível ir além da apropriação cultural e perpassar as barreiras que separam a sociedade brasileira em brancos e negros.