Apropriação cultural é, geralmente, uma assimilação de uma cultura dominante sobre hábitos, costumes e adereços característicos de uma cultura dominada. No Brasil, povos historicamente massacrados, como o negro, sofrem dessa apropriação. No entanto, muitas pessoas que são acusadas de apropriar-se nem sabem que o estão fazendo. Tal conjuntura se apresenta, principalmente, devido ao processo de globalização e ao capitalismo. Em primeira instância, os meios de transporte e comunicação presentes facilitam uma troca cultural muito grande. Sob essa óptica, é quase impossível dissociar um comportamento de outro, visto que os povos trocam conhecimentos o tempo todo. Exemplo disso, a famosa culinária italiana não seria a mesma sem o tomate, originário do Peru. A tradicional água de coco brasileira, na verdade veio da índia. Os números, aceitos universalmente, são originários do povo árabe. Posto isso, torna-se incontrovertível a importância da hibridização cultural na formação de outras culturas. Contudo, vê-se no mito da democracia racial, apresentada por Gilberto Freyre, um problema, já que o negro não recebe o mesmo tratamento na sociedade. Nessa perspectiva, um negro, ao usar um turbante, símbolo religioso, é visto preconceituosamente pelo resto da população. Não obstante, o mesmo adereço ao ser divulgado pela indústria da moda, em modelos brancas, passou a dar uma característica culta a esse acessório, percepção oposta a que se da aos afrodescendentes. Outrossim, no Rock e no Blues, gêneros que começaram na comunidade negra, as alcunhas de “Rei” foram dadas a pessoas brancas, como Elvis Presley, pois, assim, teriam uma maior aceitação do público. Logo, tem-se, na apropriação cultura, mais uma forma de discriminar o negro. Nessa perspectiva, portanto, vê-se a necessidade da criação de medidas para atenuar a problemática. Desse modo, o Ministério da Educação, em consonância com as Secretarias Municipais, deve, por intermédio do acréscimo de livros que demonstrem a importância cultural do negro na formação do Brasil na grade curricular, incentivar uma maior aceitação e liberdade na expressão da cultura afrodescendente na população para, assim, minimizar-se a intolerância no país. Ademais, com os mesmos interesses, cabe a indústria da moda, em concomitância com a Mídia, valorizar a figura do negro dentro de sua própria cultura, por meio de campanhas publicitárias que se utilizem de pessoas afrodescendentes. Por meio disso, talvez, haverá uma sociedade em que a democracia racial será realmente democrática.