Título da redação:

Apropriação não é proibição

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 21/06/2017

A apropriação cultural – ato de um grupo dominante tomar posse de elementos de uma cultura dominada – existe e aborda predominantemente uma questão política de representatividade racial. O debate, no Brasil, gira em torno da possibilidade um indivíduo branco (representante da cultura dominante) utilizar adornos consolidados na cultura afro-brasileira (cultura dominada). O argumento frequentemente utilizado pela oposição ao movimento é o de que: a apropriação cultural é uma falácia, pois segrega e vitimiza ainda mais a população negra e desvaloriza a disseminação de elementos representativos que em tempos remotos foram desprezados. Entretanto, a oposição esquece que a discussão sobre o assunto, em sua essência, é sobre a desigualdade e o uso inconsciente dos acessórios. O movimento significa uma luta travada desde muito tempo para que os afro-brasileiros parem de ser ridicularizados por usarem componentes de sua cultura. É notável que quando o objeto é utilizado por pessoas brancas ele é mais valorizado do que no corpo de uma pessoa negra. Se o negro aparece com dreads, tranças, turbantes e afins, ele é estereotipado como sujo, bandido, maconheiro e etc. Se o branco aparece com os mesmos objetos ele é considerado tendência. Essa tendência passa a enriquecer o mundo da moda e perde seu significado. Exemplo disso foi o caso da jovem negra Dandara, que foi convidada para a formatura de um amigo que cursava Engenharia em uma universidade pública, chegou na festa utilizando turbante e o tecido foi arrancado a força de sua cabeça por formandos brancos. Chegaram até a jogar cerveja no rosto da moça. O debate acerca da apropriação cultural visa que os elementos da cultura dominada sejam utilizados por pessoas que tenham consciência de sua importância histórica e representativa para a população negra e que não sejam desprezados quando presentes no corpo negro. O preconceito com componentes de matriz africana é um mal de colonização, tendo solução, porém a longo prazo. Uma boa forma de começar a conscientização seria tornar obrigatório o ensino sobre o continente africano e sua relação com as raízes do Brasil, pois 54% da população brasileira é negra e pouco se sabe sobre suas origens. O MEC como encarregado da situação educacional do país deveria propor uma reforma nas bases tecnológicas de ensino e integrar esse tema nas escolas e faculdades, tanto públicas como particulares. O desenvolvimento parte da educação.