Título da redação:

Apropriação cultural: o complexo Yin Yang

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 24/02/2017

A questão da apropriação cultural no Brasil tem gerado debates nas diversas formas de mídia, principalmente na internet. Dentro de tais discussões, há pessoas que acreditam na pejoratividade do termo, vendo a situação como negativa para grupos oprimidos historicamente. Por outro lado, há quem defenda a miscigenação, acreditando que a cultura nacional é baseada justamente em tais misturas. Assim, cria-se a dualidade do tema, que se mostra complexo. É comum, em grupos de minorias, a utilização de símbolos para representar seus ideais de luta. Contudo, a apropriação cultural acaba se tornando um dos problemas para conquista dos objetivos deles, visto que o símbolo em questão, ao se difundir e se tornar comercial, perde as suas raízes, mas continua carregando os preconceitos relacionados a ele. Por exemplo, o uso de “dreads” é um dos objetos da cultura negra, o que, socialmente, é erroneamente associado à má higiene, devido ao preconceito. O que acontece é que, quando um branco passa a usar tal estilo de cabelo, é adicionado a ele o status de “sujo”, já que é símbolo da cultura negra, dando continuidade à discriminação. Somado a isso, ainda há casos onde o objeto de representação tem seu ideal totalmente deturpado, como ilustrado com as calças rasgadas, símbolo de resistência do movimento hippie contra o capitalismo, mas, nos dias atuais, são vendidas por preços maiores do que calças lisas, revelando a negatividade da apropriação cultural. A construção da cultura brasileira, por outro lado, é pautada na mistura entre diversas culturas, como a indígena, a holandesa, a francesa, a portuguesa e a africana. É comum dizer que o brasileiro “não tem cara”, justamente por tal miscigenação, sendo a diversidade um dos cartões postais do país. Dentro disso, a assimilação cultural se torna inevitável e, até mesmo, imprescindível, símbolo de riqueza nacional. Isto é, enquanto temos a forte presença de traços alemães no sul do Brasil, temos, também, características holandesas nas proximidades de Pernambuco e a pluralidade negra e indígena no Nordeste, fatores que influenciam tanto na alimentação quanto na própria linguagem de cada estado, não havendo uma que possa generalizar a nação. Outrossim, é a variedade que constrói a identidade do brasileiro, tornando o povo mais forte, como defendido por Milton Santos. A complexidade da apropriação cultural, em suma, divide opiniões, sendo um “yin yang” nacional. Portanto, para equilibrar a balança do debate, é imprescindível considerar que o tema possui necessidade didática, perpassando simples discussões em redes sociais e precisando entrar nas escolas, nas quais os professores devem assumir o papel de dar capacitação aos alunos para entender a questão, ensinando a importância e a história das diversas culturas que formaram o país. Ademais, cabe ao Estado promover campanhas dentro das grandes empresas a fim de ressaltar a importância dos elementos que representam a luta de grupos oprimidos, os fazendo refletir quanto ao conteúdo das propagandas e quanto aos ideais que tais comércios defendem, amenizando a perda de identidade cultural.