Título da redação:

Apropriação cultural como fator histórico

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 29/04/2017

Durante o século XX, o turbante foi aderido pela elite francesa, após a estilista Coco Chanel inserir em seu estilo a peça. Porém, foi apenas na década de 60 que o adereço se tornou motivo de luta e resistência, após ser uma das formas de protesto das mulheres negras. No entanto, no Brasil, é possível enxergar os vestígios da cultura da apropriação cultural há séculos em diversas áreas, inclusive no campo musical e no estilo de vestimentas. Na década de 70, o Brasil conhecia o funk soul music, tendo sido propagado por Tim Maia, brasileiro carioca que sofreu influências musicais durante sua estadia no Estados Unidos. Inspirado pelo som de James Brown, o cantor absorveu todo esse conteúdo e trouxe para a música brasileira. No século XXI, uma das grandes brigas do mundo da música, ocorre entre os rapper's negros e periféricos contra os fãs do estilo que são brancos e de classe média. A justificativa contra a atual geração ouvinte do gênero, é que a realidade do fã burguês não coincide com a retratada no repertório. No entanto, é preciso frisar a maior função da apropriação cultural: apresentar realidades divergentes. Além de atingir o campo da cultura musical, a apropriação cultural é presente há séculos na vestimenta do brasileiro. Durante o século XX, Carmem Miranda tinha como figurino uma das peças mais polemizadas nos dias atuais: o turbante, que na época não era levado em crítica pela sociedade, já que a informação social e da função histórica do adereço não era colocado em voga. Sabe-se que a peça era instrumento de resistência da população negra, que o usava como forma de identificação e proteção. Nos dias atuais, o turbante é um meio de lucro das grandes empresas do ramo da moda, sendo assim, desenvolvido para brancos de classe média e alta, já que é o público que gera lucro. A grande mídia também se apropria dessa cultura, é o caso da Revista Vogue, que realizou um baile com o tema África, porém, usando apenas modelos brancas, ou seja: atendendo interesses apenas estéticos e comerciais. Portanto, é preciso propagar conhecimento sobre a apropriação cultural no país. Muito se discute o termo, porém pouco é conhecido sobre. Desenvolver uma parceria entre o Ministério da educação juntamente com o Ministério da cultura é essencial, gerando dessa junção campanhas em veículos de mídia em âmbito nacional, que atinja todas as classes sociais. Além de, oferecer palestras sobre o tema em escolas de esfera pública e privada, tendo como interlocutores pessoas que vivenciam as consequências positivas e negativas dessa cultura no país. Como disse Kant: "o homem é o que a educação faz dele", e um país é o reflexo de seus homens.