Título da redação:

Amálgama cultural

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 02/09/2017

No livro “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo, retrata-se o grande poderio com que o meio massifica as pessoas, exercendo forte influência sobre seus padrões e comportamentos. Analogamente, vivenciamos numa conjuntura formada por princípios culturais compilados e costumes pluralizados, em que o termo aculturação se torna cada vez mais presente num país tão miscigenado etnicamente e culturalmente quanto o Brasil. Todavia, torna-se comum um maior pudor ao se tratar sobre o conceito de “apropriação cultural”, culminando da segregação dos indivíduos, frente a um “partido” e no aumento de conflitos sociais. A questão da apropriação cultural no Brasil, tem se tornado um assunto com crescentes discussões, contudo ainda se é debatido vulgarmente, de forma rasa e incoerente, pois muitos interpretam como qualquer ação de um indivíduo comum, que incorpora seja qual for o elemento de indeterminada cultura. Essa desinformação sobre o tema gera a banalização do conceito, acarretando na existência de um ciclo de percalços. Portanto, não se trata de uma “guerra” entre grupos extremistas, mas sim a revalorização dos significados culturais de determinadas civilizações que em algum momento histórico foram oprimidas e desapreciadas por classes dominantes. O filósofo pernambucano Felipe Pondé diz que “a espécie é promiscua, logo não existe sociedade que não se tenha assimilação de cultura”, ratificando assim a existência de um amálgama cultural, entretanto quando se fala em apropriação cultural se trata de nos referirmos ao processo de construção identitária, que é a necessidade da valorização, lembrança constante e reconhecimento da simbologia desses elementos para determinadas culturas. A propriedade civilizatória ocorre, porque a estrutura social é desigual e submetem algumas etnias e culturas a estigmatização e apagamento, provenientes do preconceito social. Logo com o fito de atenuar as problemáticas oriundas do posicionamento extremistas sobre a apropriação cultural no Brasil, é “sine qua non” a existência de uma educação politizadora nas instituições de ensino, pois trata-se de um ponto nevrálgico nesse processo, valorizando as inúmeras etnias e culturas que constituem nosso país, e capacitando professores e pedagogos comprometidos em formar cidadãos tolerantes e dedicados com o bem estar da sociedade como todo. Também é imprescindível a atuação de ONGs como APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais), juntamente com as famílias realizem projetos e campanhas de abrangência nacional, sobre a conscientização cultural e social, executando rodas de conversa com diferentes grupos religiosos e étnicos, para culminar na troca de valores e ampliação dos horizontes culturais, porque uma sociedade só muda se cada cidadão influir nesse processo.