A cultura brasileira é constituída pela associação de muitas outras culturas através da miscigenação de povos distintos. Como um estado democrático que defende a liberdade individual, é permitido o uso de símbolos que remetem originalmente a um grupo social específico por qualquer um dos cidadãos. Entretanto, hodiernamente, esse uso é criticado e chamado de apropriação cultural. Essa crítica se fundamenta na alienação social e no desprezo e anulação dos grupos detentores de determinadas marcas de identidade devido a essa prática. Quanto à ignorância da sociedade, é provocada pela indústria cultural, conceituada por Adorno e Horkheimer. Segundo os filósofos, a cultura passou a ser objeto de comércio com o intuito de se adaptar melhor ao mercado e lucrar mais, o que provocou uma padronização de produtos e aspecto acrítico dos mesmos. Dessa forma, os produtos são expostos pela mídia à população de modo que não se apresentem com suas raízes culturais oriundas de grupos sociais discriminados e não prestigiados, pois ao fazer essa associação, a persuasão e, consequentemente, as vendas tendem a diminuir. O que resulta em uma sociedade alienada de sua própria cultura. Ademais, esses grupos sociais discriminados são cada vez mais desprivilegiados. Isso ocorre por conta do não reconhecimento do papel do mesmo na construção social e da ressignificação de seus símbolos originários, o que dificulta seu futuro mérito na sociedade. Desse modo, os prestígios que deveriam ser atribuídos a essa parte da população são direcionados à parte dominante. O que provoca um sentimento de injustiça e roubo de valores. Em suma, observa-se que a comercialização incorreta de itens culturais compromete a justiça e provocam a ignorância no meio social. Para uma sociedade mais consciente de si mesma, os meios midiáticos de publicidade e propaganda devem intervir. Estes devem explicitar as raízes do produto oferecido, ao mostrar datas aproximadas de sua introdução na sociedade, motivações originais para sua utilização e significados subjetivos como o de crenças religiosas. Além disso, a apresentação deve ser realizada por um integrante do grupo social referido, sendo proibida a ausência do mesmo. Assim, a nação poderá usufruir da história e criar sua identidade nacional respeitando os diversos grupos sociais que a compõem.