Em 1808, a rainha Carlota Joaquina e outras damas da corte, chegaram ao Brasil utilizando lenços na cabeça. O seu objetivo era esconder os danos capilares causados por uma infestação de piolhos que ocorreu no navio. No entanto, as brasileiras acharam que aquela era a nova moda na Europa e passaram a aderi-la. Atualmente, apropriações culturais ocorrem de diversas formas e muitas vezes se expressam de maneiras contrárias a suas ideologias iniciais. Logo, é necessário analisar o quadro atual para promover discussões na sociedade. O Brasil é um país mundialmente conhecido por sua diversidade e pluralidade. Com o início do período escravista em nosso território, a cultura africana ganhou espaço e novos adeptos. A razão de sua predominância em quilombos e senzalas se dava primordialmente como uma forma de resistência. Resistência à catequização e à cultura europeia do branco de olhos azuis. Contudo, com a Lei Áurea e o passar dos anos, esta cultura vem sendo apropriada por outros grupos sociais. Com isso, acabar por perder seu real símbolo ideológico e torna-se apenas uma mercadoria para os brancos, sem cunho revolucionário. A cultura africana não foi a única a qual teve seus ideais modificados. O RAP, estilo musical nascido nos EUA, surgiu inicialmente como uma forma de oposição ao sistema capitalista. Um movimento de contracultura. Entretanto, com a chegada da globalização, seu estilo foi facilmente convertido à cultura de massa. Nesse momento, passou a se transformar em um objeto negociado, vendido e manipulado. Dessa forma, as minorias eram caladas pelo sistema e perdiam seu engajamento para uma possível transformação social. Para que grupos deixem de ser oprimidos e ganhem visibilidade, mudanças no contexto atual devem ocorrer. Através de fóruns de discussões via internet, a sociedade deve se mobilizar para ampliar os ensinamentos e formas de resistências africanas. Dessa forma, os brancos poderão compreender o quão uma apropriação cultural pode ser nociva para uma ideologia. Cabe à mídia, passar a valorizar as culturas das minorias com seus reais embasamentos, sem manipulação, a fim de que formas de repressão não sejam expandidas. Por consequente, os cidadãos poderão gozar dos verdadeiros significados de suas atuais mercadorias e quem sabe, se juntar a eles como uma forma de luta.