A apropriação cultural no Brasil, que é a utilização de elementos específicos de outros grupos culturais, tem resultado debates complexos, visto que não só há quem defenda a miscigenação intensa, mas também quem encare esse fato como uma ignorância à história e aos fundamentos essenciais desses elementos. É indiscutível que o processo inicial da miscigenação no país apresenta acontecimentos moralmente vergonhosos, contudo, as heranças para a atualidade compõem uma sociedade com um extenso campo cultural, uma das principais características do povo brasileiro. Dessa forma, a defesa da miscigenação se dá no momento em que essa acontece com o sincretismo não pejorativo de elementos culturais alheios, como o uso de dreads, piercings e até tatuagens. Assim, grande parte da sociedade defende essa assimilação cultural como o meio produtor da heterogênea cultura brasileira. Convém lembrar que a apropriação cultural é contestada por quem a enxerga como desvalorização da essência e história do elemento assimilado. O turbante, por exemplo, que teve origem antes mesmo do Islamismo, é típico de países orientais, africanos e asiáticos e, por ter sido incorporado à moda representado apenas em brancos, foi interpretado pelos adeptos do acessório como desrespeito às suas culturas. Logo, essa ótica se opõe ao sincretismo cultural quando este ignora as raízes do elemento adotado. A apropriação cultural gera, portanto, debates complexos e polêmicos passíveis de múltiplas óticas que, eventualmente, trazem problemas de convivência entre adeptos de ideologias diferentes. No âmbito de resolver esse problema, a mídia da moda poderia difundir em suas campanhas as origens históricas e essenciais dos elementos associados, até mesmo porque essa difusão pode ser feita de forma simples em propagandas, pôsteres e redes sociais e ainda evidenciaria o respeito à cultura do objeto. Além disso, é imprescindível que os indivíduos originalmente adeptos desses elementos estejam presentes nessas campanhas para que a valorização homogênea das culturas seja estimulada.