Título da redação:

A esterilização da cultura das minorias

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 28/08/2017

O processo de globalização iniciou-se com as Grandes Navegações, no século XV, desse modo, pela primeira vez, houvera comunicação entre continentes e culturas adversas. Hoje, a ligação e o compartilhamento de, não somente informações, mas também culturas, é marcante, sobretudo, quando se fala do Brasil, país amplamente miscigenado. Nesse contexto, entra a problemática da apropriação cultural e a mídia por trás dessa, frente a uma população que boa parte, além de estar inserida dentro do senso comum, desconhece suas origens. Na "Dialética do Iluminismo", texto escrito pela Escola de Frankfurt, surge pela primeira vez o termo "Indústria Cultural" em que os meios de comunicação de massa é a produção de cultura com fins lucrativos e mercantis. Isso, na contemporaneidade, e visto por empresas nas quais, para lucrar, transcendem toda e qualquer distinção natural, apropriando-se, por vezes, de elementos das minorias brasileiras, enquanto que, essas, continuam sendo vítimas de preconceito e exclusão. Na era digital, minorias buscam representatividade e reconhecimento, principalmente, através da internet, um exemplo a ser citado é o movimento pró-cabelos naturais que tem por finalidade fazer as mulheres assumirem seus cachos. Todavia, ainda é perceptível a influência histórica dos três séculos de escravidão vividos pelo Brasil e, ela manifesta-se por meio do racismo e intolerância religiosa para com os negros e a cultura afrobrasileira, como o caso de Dandara, estudante de uma universidade que teve seu turbante puxado durante a formatura. A mídia, ao invés de garantir mais realce às causas sociais e ao assunto em questão, apropria-se de elementos de tais culturas fomentando tal exclusão. Ademais, a problemática não se dá quando uma pessoa pega um objetivo e o utiliza, como o caso da jovem com câncer que foi hostilizada em redes sociais por usar um turbante, e sim ao fato de que, apropriar-se de um bem cultural, a indústria o transforma e esterializa para atender às demandas do consumo. Nisso, além de impedir que o grupo originário participe da difusão, ainda há a perca da identidade e simbolismo que tal elemento pode carregar para um grupo, a exemplo dos turbantes e dreads para as religiões de matriz africana. O que prevalece, hoje, é o capitalismo com suas ressignificações visando o lucro em detrimento das discussões e debates em esferas públicas e privadas. Cabe, portanto, ao Estado, através do Ministério da Educação e, em parcerias com a iniciativa privada, fomentar debates, aulas e palestras que possam informatizar e visibilizar o contexto histórico, cultural e social. É imprescindível, ainda, efetivar as leis existentes acerca do racismo, assim como criar políticas públicas visando maior integração das minorias à sociedade, garantindo liberdade de culto, assim como as vestes e objetos dessa esfera. Outrossim, a mídia deve agir como agente de conscientização social na criação de campanhas publicitárias, além de, dar mais representatividade às minorias.