Título da redação:

Um caso de descaso

Tema de redação: A precarização do patrimônio histórico brasileiro e suas implicações

Redação enviada em 16/02/2019

Um caso de descaso Sob a perspectiva do sociólogo Émile Durkheim, a sociedade é como um organismo, por ser, assim como esse, formada por partes que relacionam-se entre si. Todavia, para que o “corpo biológico” seja coeso, é importante que os direitos dos cidadãos sejam assegurados. Todavia, no que tange à conservação da história e da cultura nacional, o Brasil encontra-se em posição vergonhosa, uma vez que o passado do país é tratado com descaso. Desse modo, observa-se que a temática necessita de uma discussão mais aprofundada. Em primeiro plano, a falta de investimentos para a manutenção dos centros históricos e de pesquisa do Brasil evidencia a ineficiência do Estado. A esse respeito, o sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman afirma em “Modernidade Líquida” que algumas instituições – dentre elas, o Estado – perderam a sua função social. Nesse contexto, essa reflexão serve para mostrar que algumas instituições públicas são incapazes de desempenhar o seu papel social e a acabam por negligenciar o direito dos indivíduos. Infelizmente, parte do patrimônio histórico não precisa ser demolido para desabar, mas é ameaçado, diariamente, a ir ao chão por falta de cuidados e investimentos, comprometendo, assim, o acesso a um bem intergeracional da nação: o acesso à memória. Outrossim, ao avaliar a desvalorização dos centros históricos do país por um prisma histórico, nota-se que a tragédia do Museu Nacional, ocorrida em setembro de 2018, não é inédita na história do Brasil. Outros incêndios já haviam gerado perdas inestimáveis para o legado nacional. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, comportamentos característicos de uma determinada época são facilmente incorporados no processo de socialização e, inevitavelmente, reproduzidos ao longo das gerações. Partindo desse pressuposto, a sociedade absorveu a cultura de desvalorização da história e da cultura nacional, uma vez que, a educação no país não é voltada para incorporar, ao cotidiano das pessoas, uma reflexão sobre a missão de defender a memória como um direito de todos os cidadãos. Infere-se, portanto, que a precarização do patrimônio histórico e cultural do Brasil é grave e exige soluções imediatas. O Estado, na figura do Ministério da Educação, em parceria com a mídia, ONGs e instituições de ensino, deve fomentar o pensamento crítico por intermédio de debates, palestras, campanhas publicitárias e ficções engajadas – no caso da mídia – com o objetivo de promover a reflexão do indivíduo sobre a importância de reconhecer o legado histórico como um bem coletivo e instigar mais cobranças de manutenção e preservação do acervo histórico e cultural do Brasil. Com essas medidas, talvez o descaso com a história transforme-se em sensibilização, valorização e conscientização passados para as demais gerações.