Na obra 1984, de George Orwell, os governantes de Oceânia (local fictício onde ocorre a trama) destruíam todos os registros do passado, para que, assim, pudessem manipular sua população sem que houvesse nenhuma resistência ideológica sobre suas ações. Conquanto, quando se observa a precarização do patrimônio histórico, no Brasil, atualmente, verifica-se que tais fatos não estão restritos apenas a ficção, e a sociedade se encontra cada dia mais desinteressada com o seu passado, permitindo a falta de priorização governamental nesse setor. Nesse sentido, convém analisar as principais implicações de tal postura negligente para a sociedade. Em primeira análise, cabe pontuar que o desinteresse de grande parte da população brasileira em frequentar museus e teatros, por exemplo, se dá pela falta de hábito em consonância com o desconhecimento sobre o que está sendo exposto nesses ambientes, contribuindo com a baixa procura e consequente precarização dessas instituições. Consoante o pensamento de Immanuel Kant, de que é na educação que se encontra o grande o segredo para o aperfeiçoamento de uma sociedade, vê-se que há a necessidade de se criar projetos educacionais de imersão cultural, que possibilitem maior participação social mediante a preservação do patrimônio histórico nacional. Ademais, convém frisar que a falta de comprometimento governamental na manutenção desses patrimônios impulsiona o problema, visto que é dever do Estado proteger documentos, obras, paisagens naturais, monumentos e prédios históricos pertencentes ao país. Uma prova de tal descaso está no incêndio que destruiu o Museu Nacional, no estado do Rio de Janeiro, onde cerca de 90% do acervo em exposição foi consumido pelas chamas, uma perda irreparável para a história do Brasil. Diante disso, percebe-se que o poder público deve se mobilizar aumentando a atenção e os investimentos direcionados para a manutenção desses bens nacionais, para que, então, o passado da nação seja devidamente preservado. Destarte, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver o impasse. É imprescindível que o Governo Federal intensifique os cuidados com os patrimônios históricos pertencentes à sociedade, aumentando as verbas direcionadas as instituições responsáveis por suas manutenções e também utilizando-se de diversos meios de comunicação para divulgação de propagandas que estimulem o interesse da população em ajudar na preservação desses bens insubstituíveis para a historia do povo brasileiro. Além disso, é essencial que as escolas integrem educação e cultura, criando e fomentando atividades e projetos de artes e imersão cultural, promovendo a visita de estudantes, pais e familiares a parques e museus da cidade, ampliando o repertório cultural da população, com o propósito de que o tecido social, enfim, não sofra as graves consequências da desinformação sobre o passado como as descritas nas distopias literárias.