Título da redação:

Herança esquecida

Tema de redação: A precarização do patrimônio histórico brasileiro e suas implicações

Redação enviada em 26/09/2018

O esquecimento, o abandono, o descaso público, a depredação e a destruição expressam a situação atual do patrimônio histórico brasileiro. Fundamentalmente, a conservação de bens materiais e imateriais de determinada comunidade contribui diretamente para a formação da identidade nacional, ou seja, fomenta a criação e o estabelece o senso de pertencimento a um povo. Nesse âmbito, a precarização do patrimônio histórico do Brasil, fruto da negligência governamental e da conivência da sociedade civil, implica não só na desarticulação da unidade nacional, como também na acentuação dos regionalismos, por conseguinte, estimula o apagamento da cultura pátria. Em primeira instância, a Constituição Federal de 1988 assegura a proteção do patrimônio material e imaterial do povo brasileiro como dever do Estado e da sociedade. Contudo, o descaso estatal ilustra a realidade federal. Nesse contexto, a falta de políticas públicas de revitalização, preservação e manutenção de arquiteturas e acervos históricos ocorre, frequentemente, devido a ínfima aplicação de verbas no setor cultural do país, fato evidenciado fisicamente na deterioração de prédios tombados pelo poder público, como visto no recente incêndio do Museu Nacional. Logo, os atuais governos não reconhecem plenamente a importância da preservação da história brasileira, assim, corroboram para a precarização do patrimônio da nação. Outrossim, o baixo conhecimento populacional sobre a existência de acervos nacionais contribui diretamente para a conivência da sociedade civil para com o abandono da herança histórica do nosso povo. Tradicionalmente, não só a formação educacional brasileira ocorre com reduzido acesso à cultura, como também a divulgação de programas culturais no cotidiano é insuficiente, a junção de tais características impulsiona o alheamento da população em relação à conservação do patrimônio histórico. Desse modo, o senso de pertencimento à nação é enfraquecido e, consequentemente, acentuam-se os regionalismos presentes no país e estimulam-se a desarticulação e fragmentação da brasilidade e da unidade territorial. Ocorre, pois, apagamento gradativo da nossa cultura comum. É preciso, então, combater a precarização do patrimônio histórico. O Ministério da Cultura deve, por meio do recolhimento de dados sobre a situação dos bens materiais tombados, investir massivamente na manutenção e revitalização dos acervos em risco a fim de prevenir futuras perdas. Ademais, deve destinar verbas para estados e municípios com o fito de contribuir financeiramente para a conservação dos patrimônios locais e, consequentemente, proteger amplamente a cultura brasileira. Por fim, cabe a mídia à propagação intensa das atividades culturais com o intuito de estimular a visitação de museus e, a longo prazo, o reconhecimento populacional da importância da conservação da nossa herança histórica comum.