O incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi o estopim para a revolta que se sucedeu, levando à tona o absurdo abandono do Estado às instituições culturais. Esta precarização do patrimônio histórico nacional leva a sérios problemas na construção da identidade da nação, e o povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la, assim como está condenado ao esquecimento. O descaso do governo é refletido no enorme desinteresse da população pela cultura, apesar da onda "pop" de luto pelo Museu. A deficiência na formação de uma identidade nacional provocada por essa ignorância pode estar associada ao senso individualista do povo brasileiro, que por mais que seja conhecido pelo sorriso, esconde um culto à "malandragem" e ao hedonismo. É curioso a conveniência do incidente do Museu Nacional com o cenário político atual, pois é justamente quando um candidato de extrema direita, conhecido por adorar torturadores da ditadura, está em primeiro nas pesquisas. O que demonstra que junto às chamas do museu, são queimados o bom-senso de quem conhece a história e não quer ter a infelicidade de repeti-la. Assim como num indivíduo, cuja experiência de vida trás sabedoria, o mesmo acontece para uma nação. Aprender com os erros é essencial para o desenvolvimento, mas para isso é necessário lembrar. Em virtude dos fatos mencionados, fica claro que a precarização do patrimônio histórico possui consequências graves na forma como um povo vê a si mesmo e se comporta. Para evitar os males desta ignorância é necessário que haja investimento em cultura e educação, para que se preserve a história e se ensine a amá-la.