Superlotamento, falta de materiais e aparelhos, escassez de profissionais e demora no atendimento são apenas algumas das grandes deficiências provocadas pelo descaso na saúde pública no Brasil. Nessa perspectiva, apesar da contribuição, ao longo da história, de personagens importantes como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, o sistema público de saúde no país se encontra inerte, não garantido a acessibilidade universal prometida. Assegurada pela Constituição Federal de 1988, a saúde é direito de todos e dever do estado mediante as políticas sociais e econômicas. No entanto, verifica-se que tal garantia de saúde plena é considerada utópica quando comparada a realidade. Essa problemática é decorrente da má gestão e administração dos recursos públicos, visto que os impostos pagos pela própria população não estão sendo convertidos em benefícios para a mesma. Sobre outro aspecto, não há um equilíbrio na distribuição de médicos no país, fato que reforça a desigualdade. A concentração tende a ser maior nos polos econômicos – grandes centros populacionais – e onde se concentram maior oferta de trabalho. Desse modo, regiões menos desenvolvidas e interiores de estados com grandes territórios sofrem maior dificuldade para fixar e atrair esses profissionais. Deve-se ressaltar ainda que a incapacidade de se trabalhar em locais com infraestrutura precária induzem os médicos a optarem por exercer suas funções em clínicas particulares. Consequentemente o setor público não consegue suprir a demanda. Fica evidente, portanto, que a gestão da saúde pública no Brasil é ineficaz e falha. Nesse sentido, para minimizar essa situação, torna-se imprescindível que o Estado incentive os médicos a permanecerem no serviço público por meio de planos de carreira. Tal medida serviria também para tornar as pequenas cidades atrativas para os recém-formados, o que não ocorre atualmente. Ademais, é necessário que os governos estaduais se comprometam em investir de forma maciça na construção de hospitais e na contratação de mais funcionários, a fim de amenizar a demora no atendimento. Somente assim será possível ratificar o Juramento de Hipócrates e “manter o mais alto respeito à vida”.