Título da redação:

Irremediável Remédio

Tema de redação: A polêmica gestão da saúde pública no Brasil

Redação enviada em 31/03/2016

No início do século XX, culminou no Rio de Janeiro o que hoje é chamado de Revolta da Vacina. Trata-se da primeira tentativa governamental de prevenir doenças, forçando a população carioca a se imunizar contra a varíola - doença que dizimou a população indígena na América Latina no período colonial. O Brasil, que prometia ser uma grande potência médica nessa mesma época, hoje se depara com um sistema público de saúde falido. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, há regiões no país que chegam ao extremo de gastar menos de um real por dia com a saúde de seus habitantes. A problemática da crise fica evidente quando, em todos os debates políticos, os candidatos prometem melhoras no Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema esse no qual é considerado um dos mais modernos e eficientes do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por que então o sistema encaixa-se na antítese de ser tão criticado pelos brasileiros se a própria OMS o qualifica positivamente? A resposta para essa pergunta é clara: a má gestão por parte do poder executivo. A falta de preocupação com a formação de jovens médicos confirma o despreparo com a questão da saúde: as poucas vagas públicas para as universidades com cursos na área, aliada a falta de pesquisa médicas e ao alto custo das mensalidades do curso de medicina no Brasil - que chegam a ultrapassar os dez mil reais por mês, criam um ambiente desfavorável para o crescimento do jovem médico, necessitando criar programas como Mais Médicos, onde profissionais estrangeiros são importados para a manutenção da precária saúde, principalmente nas áreas interioranas, onde o número de médicos por habitantes são quase nulos. É válido ressaltar que não é apenas o SUS que está em crise - a medicina preventiva, que deveria ser o pilar de sustento para uma nação saudável também é precária, para não dizer escassa, no Brasil. Pouco se fala sobre saneamento básico, tampouco sobre medidas profiláticas a fim de evitar que a população, principalmente a população pobre, se contamine, acarretando em mais superlotamento em hospitais públicos - mantidos pelo tão polêmico SUS. A saúde, portanto, apresenta graves problemas relacionados não ao sistema, mas na gestão dela. É preciso que o governo federal discuta com profissionais da gestão da saúde pública a fim de garantir uma maior fatia das finanças para o SUS. Ainda, o governo precisa se aliar aos poderes estaduais com o intuito de criar centros de formação médica, sobretudo nas áreas mais interioranas do Brasil, a fim de criar uma distribuição mais homogênia dos médicos, além da criação de medidas de saneamento básico, como o tratamento de esgoto e da água encanada, além de criação de órgãos relacionados à medicina preventiva nessas regiões. Essas medidas seriam o irremediável remédio para o Brasil remeter ao seu passado de potencial médico do século XX e ter esperança de um futuro como a potência médica do século XXI.