Título da redação:

"Democracia racial": a fonte que embriaga o racismo no Brasil.

Tema de redação: A Persistência do racismo na sociedade brasileira contemporânea

Redação enviada em 02/05/2016

Diante das discussões acerca da persistência do racismo no Brasil, um aspecto a ser analisado é a maneira como a manutenção de uma carga cultural eugênica de intolerância e a falta de eficiência do poder público em garantir igualdade e efetividade de direitos podem comprometer a integridade moral e física de inúmeros indivíduos e contribuir para que casos absurdos de desrespeito continuem a proliferar pelo país. Nesse contexto, é de suma importância a adoção de medidas capazes de combater o ódio racial e propiciar a solidariedade, o respeito e a plena igualdade entre etnias. Nessa perspectiva, é importante destacar, a priori, a persistência de uma mentalidade eurocêntrica de preconceito como causa sumária de tal realidade. Três séculos de escravidão e subordinação de uma raça à outra é tempo mais do que suficiente para entender e explicar as raízes das desigualdades entre brancos e negros. Conhecidos como “descendentes de Caim”, a imagem do africano trazido ao Brasil sempre fora negativa e associada a uma visão edênica defendida e propagada pela própria Igreja Católica. A escravidão do negro era legitimada, pois, pela cor da pele, e era, segundo os clérigos, a única prática capaz de expurgar desses homens o pecado e conduzi-los à salvação. Nesse sentido, além de justificar o escravismo, essa mentalidade serviu, durante anos, para segregar e tornar esses indivíduos alvos de absurdos graus de preconceito. Casos da contemporaneidade em que a imagem do negro é associada a animais como o macaco (como o caso ocorrido com o goleiro Aranha do Santos) são exemplos de tal problemática e demonstram que a equidade ou democracia étnica está longe de ser verdadeiramente efetivada. Ademais, é importante destacar uma certa omissão histórica do Estado Brasileiro em relação a causa negra como fomentadora de tal situação. É sabido que a abolição da escravidão pela Lei Eusébio de Queiroz em 1888, concedeu aos negros liberdade, sem, contudo, igualdade, o que perpetuou a marginalização e cerceou desses indivíduos inúmeros direitos e oportunidades de importância sumária. Nesse sentido, o Estado, apoiado no mito da “Democracia Racial” defendido por sociólogos como Gilberto Freyre e propagado em governos populistas como de Vargas, absteve-se de qualquer responsabilidade ligada à luta negra e aos danos sociais causados pela escravidão. O resultado dessa política são os altos índices de mortalidade e violência ao negro, falta de oportunidades econômicas, precárias condições de vida e a, histórica e tão comum, marginalização social. Diante disso, é evidente que para combater o racismo no Brasil é preciso recorrer à suas raízes históricas atentando para necessidade de modificar todas as instâncias cabíveis e a sociedade como um todo. Por isso, é dever do Estado priorizar políticas afirmativas de inserção do negro às universidades e ao mercado de trabalho, além de reforçar juntamente com o Poder Legislativo e o Ministério da Justiça a criação e aplicação de leis especificas de combate ao racismo e de proteção a diversidade étnica, elaborando leis coercitivas especificas para crimes de intolerância racial na internet. Além disso, a sociedade deve, por meio de projetos e campanhas sociais, conscientizar a população acerca da necessidade de modificar a mentalidade de intolerância, trabalhando nas escolas o respeito e a solidariedade entre raças como uma máxima a ser apreendida e, cotidianamente, praticada.