Segundo Zygmunt Bauman, o mundo contemporâneo caracteriza-se pela fluidez e fragilidade das relações, configurando um panorama orientado pela lógica do imediatismo, do consumo e da artificialidade. Nesse contexto, as redes sociais surgem como materialização dessa liquidez, tornando-se uma ferramenta utilizada de forma descomedida e, muitas vezes, irresponsável. A intrínseca e natural necessidade humana de aceitação determina comportamentos marcados pelo exibicionismo e futilidade. Tais atitudes, recebendo o pretendido apoio e aprovação, são fortalecidas e intensificadas. Entretanto, a demasiada exposição virtual pode comprometer outros aspectos sociais importantes. A aparente proximidade em relação aos amigos e familiares pode desestimular a organização de confraternizações e encontros que, permeados pela pessoalidade, são benéficos ao bem estar psicológico dos indivíduos. Ainda, a publicação de imagens de caráter intimo ou a exteriorização de pensamentos ou comentários sobre assuntos particulares pode influenciar negativamente em âmbito profissional, traduzindo uma imagem distorcida do autor, uma vez que o ambiente virtual prescinde das marcas de oralidade típicas do diálogo ao vivo, como tom de voz, ênfase, gesticulação, etc. Além disso, dadas as proporções das redes, é possível que as informações venham a ser deturpadas e utilizadas de forma indevida, descontextualizando-as e prejudicando os envolvidos. Portanto, é necessário refletir sobre os efeitos da exposição exorbitante, ponderando sobre os riscos e benefícios de manter um perfil que não passa de uma projeção idealizada da realidade. Desenvolver posturas engajadas na busca da auto realização pessoal , longe de exigir aceitação alheia, precisa contemplar um ideal de vida específico que somente será obtido através de introspecção e auto conhecimento.