A partir da década de 30, desenvolveu-se, no Brasil, a teoria da “Democracia Racial”, cujo principal expoente era Gilberto Freyre. Ela consiste em que a miscigenação presente na nação brasileira é fruto de um convívio harmonioso entre as raças, não existindo, assim, entre a população, a crença em uma superioridade de raças. Entretanto, o racismo, principalmente contra o negro, é presente no país e tem origem histórica, ocorrendo de forma dissimulada, no cotidiano, sem amparo legal. A desigualdade racial brasileira é herança do período escravocrata. Com a abolição da escravidão em 1888, não ocorreu uma preocupação por parte do Estado em criar condições para que os cidadãos negros pudessem ter uma inserção mais digna na sociedade, resultando na marginalização destes. Essa diferença persiste até os dias atuais, ficando evidente pelo fato da proporção de afrodescendentes na população pobre do país ser muito superior à de brancos. Convém ressaltar, ainda, que o preconceito racial é difundido, renovado e enraizado na sociedade sob a forma de entretenimento e com humor. Isso é comprovado pela antiga prática de blackface, na qual os atores brancos se pintavam de preto para representar, caricatamente, personagens afrodescendentes, e quando um humorista cria um personagem fictício que reforça estereótipos exagerados e, muitas vezes a massa e o próprio grupo alvo da intolerância se divertem, considerando aceitável essa ridicularização. Fica claro, portanto, que o racismo é uma opressão histórica quase imperceptível por ser socialmente naturalizado. Dessa forma, o governo deve priorizar a criação de ações afirmativas de inserção dos negros nas universidades e ao mercado de trabalho, como o sistema de cotas. Ademais, a mídia e as escolas devem conscientizar os indivíduos sobre a igualdade de raças a fim de promover maior integração das minorias, diminuindo, então, o preconceito racial herdado dos nossos colonizadores e aproximando-se da democracia racial defendida por Freyre.